Sunday, August 21, 2011

Um Tour muito atribulado

Desde que comecei a trabalhar, é com enorme pena minha que ando um pouco arredada das lides velocipédicas. Já lá vai o tempo em que andava a par de tudo quanto se passava nas principais equipas, especialmente na Rabobank.

Como tinha este fim de semana livre, aproveitei para ver um pouco do Tour e vibrei com a vitória de Rui Costa na etapa anterior a esta que passo a relatar e que também teve uma vitória bem saborosa para as minhas cores- as laranja e azul da Rabobank. Luís Léon Sanchez foi o vencedor de uma etapa cheia de incidentes e contratempos.

Comecemos por lamentar uma queda das muitas que aconteceram nos últimos dias no Tour e que afastaram alguns dos principais candidatos de aspirações à vitória final. Esta queda que passo a relatar porém, terá tido o infeliz condão de destruir a carreira de Alexandre Vinokourov. Aos trinta e sete anos, o cidadão mais conhecido do Kazaquistão a seguir a Borat poderá ter dito adeus a uma carreira repleta de êxitos e de alguma polémica. Foi, sem dúvida, um ciclista marcante que passou pelas estradas mundiais. Com esta idade e com a fractura que sofreu com esta queda, é difícil voltarmos a ver Vinokourov a pedalar exibindo as cores amarela e azul do seu país que tanto ajudou a promover pelo Mundo. Bem, dada a tenacidade deste ciclista, não me admiraria que ainda regressasse mesmo depois desta grave lesão mas será quase impossível.

Agora vou contar as peripécias de um grupo de fugitivos aí com uns cinco elementos mas apenas vou falar de três, que são os que interessam aqui para esta narrativa.

Do grupo de fugitivos fazia parte um actual ciclista da Rabobank e dois que já vestiram a camisola laranja e azul da minha equipa favorita. Muita gente estará a perguntar onde vi eu outro ciclista que já alinhou na Rabobank para além do Juan Antonio Flecha. Passo a explicar: do grupo fazia parte um ciclista de nome Johnny Hoogerland. Ele alinha numa equipa cujo nome não fixei e encontrava-se a lutar pela camisola da montanha. Este ciclista de vinte e oito anos alinhou na segunda equipa da Rabobank nas épocas de 2000 e 2001. Nunca chegou a alinhar na primeira equipa da Rabobank, portanto, daí o adepto que não é aficionado pela Rabobank como eu sou não possuir tais conhecimentos.

Dizia eu há pouco que o número de fugitivos daquele grupo pouco me interessava porque só iria falar de Flecha, de Sanchez e de Hoogerland- mais deste último. Bem, reza uma máxima que eu própria inventei devido ao extremo azar que persegue todo o atleta da Rabobank em grandes competições que um ciclista que já tenha vestido a camisola da Rabobank, mesmo depois de envergar uma outra camisola de outras cores, continuará a ser perseguido pelas quedas e incidentes que (vá lá saber-se porquê) sempre afectam as nossas cores. Este incidente é bem elucidativo desta máxima.

Ia um grupo de fugitivos. Dele faziam parte um actual ciclista da Rabobank e dois que já vestiram a mesma camisola, independentemente de um deles apenas ter alinhado nas camadas jovens. Pois bem, um veículo pertencente à televisão estatal francesa (a RTP lá do sítio) cometeu a infeliz proeza de atropelar o Flecha que por sua vez embateu contra o Hoogerland que seguia a seu lado. O ciclista holandês que estava empenhado em lutar pela classificação de montanha foi projectado contra uma vedação. Flecha ficou furioso e não deixou de ir mostrando o seu temperamento de cidadão latino, que até nasceu na Argentina, por essa estrada fora depois deste bizarro incidente.

Hoogerland terminou a prova em extremas condições. Até doía o estado em que ficou este ciclista que agora envergava uma camisola azul e verde e que tencionava envergar a mítica camisola branca com bolinhas encarnadas. Terá concluído a etapa em último ou perto disso, com as pernas e os braços em carne viva. Apesar disso, ainda iria envergar a camisola de montanha no pódio, apesar de quase lhe terem destruído esse objectivo.

Do lado oposto, o actual ciclista da Rabobank- o espanhol Luis Leon Sanchez, que se encontrava escassos centímetros à frente de Flecha e Hoogerland aquando do incidente e por pouco não foi envolvido (também era melhor? Aí é que eu ia mesmo à bruxa, não haja dúvidas) foi o vencedor da etapa. Foi um dia de festa para a Rabobank que tem Robert Gesink muito afectado por quedas sucessivas em dias anteriores.

Vamos a ver se não há mais incidentes e infortúnios estranhos como este e que a prova seja disputada sem casos.

No comments: