Sunday, November 05, 2006

Pessoas inflexíveis que não ajudam ninguém

Esperei todo esse dia por notícias vindas de Lisboa. O telefone manteve-se mudo. Desesperada, resolvi eu telefonar para perguntar o que se passava. Do outro lado da linha atendeu-me uma senhora que devia ser secretária que me foi dizendo que era livre de ir à Holanda, mas que não podia ficar junto dos atletas.

Ainda insisti e ela veio com um discurso que a mim não dizia nada. Sem saber que desculpa esfarrapada deveria mais usar, e perante a alternativa de contactar alguém lá na Holanda, foi dizendo que- e passo a citar- “os holandeses eram pessoas extremamente inflexíveis e não iriam aceitar ajudar-me”.

Já quase a perder a compostura disse-lhe que alguns holandeses já tinham feito alguma coisa por mim. Aos poucos ela foi deixando perceber que estava quase sem argumentos. Saiu-se com a solução de eu voltar a pedir a essas pessoas para me ajudarem mais uma vez. Eu contra-argumentei que os amigos que eu tenho não tinham soluções para este problema. Eles até me poderiam ajudar, mas seria pedir demais e abusar um pouco. Há que medir um cada uma das situações. As pessoas que me ajudam numa dada ocasião não me poderão ajudar no que está ao alcance de outras pessoas que têm tudo e mais alguma coisa para resolver todos os meus problemas.

Teci-lhe ali um discurso e perguntei porque é que não me tinham dado ao menos o contacto de alguém de lá. Ela veio novamente com essa história da inflexibilidade, do rigor e não sei que mais. Eu apertei-a contra a parede e aí ela disse-me a verdade. Aquilo que eu já desconfiava, aquilo que não era nenhuma novidade face ao tipo de pessoa que é. Ela apenas disse:
- “O secretário técnico (Prof. Jorge Carvalho) não quer...”
Ah! Afinal sempre tinha razão! O problema é esse Senhor que é um ser inqualificável. Ele é que é a “pessoa inflexível e que não ajuda ninguém”. Eu já sabia. O holandês inflexível afinal é lusitano de gema.

Eu explodi! Ainda mais revoltada perguntei que mal tinha feito eu a esse Senhor, se não o conhecia? Perguntei também o que levava esse Senhor a tratar tão mal os atletas de Coimbra. Quis saber qual a razão da falta de comunicação entre a Federação e a ACAPO-Centro. Ela disse para eu fazer essas perguntas aos dirigentes da ACAPO.

Sei que ela não tinha culpa de ter acima uma pessoa tão sinistra como o Senhor Jorge Carvalho. Afinal de contas, ele é o principal responsável pelo desmoronar de todos os meus sonhos. Eu continuo na minha: eles souberam fazer as coisas de maneira a não me deixarem margem de manobra sequer para eu pedir ajuda a gente ligada à organização. Tenho quase a certeza de que alguém lá me iria compreender e me iria ajudar. Poderia até fazer voluntariado. Fiz voluntariado em tanta coisa e gostaria de fazer um dia algum trabalho desse género numa competição de Desporto Para Deficientes. Acho que, para os próprios atletas, seria bom terem alguém a ajudá-los com os mesmos problemas. Seria um sinal de esperança. Senhor Jorge Carvalho, já fiz voluntariado em inúmeras provas importantes e nunca ninguém viu o meu problema como um entrave a fazer o meu trabalho. Curiosamente, essas questões surgem de onde jamais deveriam surgir. Porque é que não me ajudaram por aí? Ah! Já sei, os holandeses “são pessoas inflexíveis que não ajudam ninguém”.

Senhor Jorge Carvalho, fique sabendo que “as pessoas inflexíveis e que não ajudam ninguém”, mais conhecidos por holandeses na minha terra, ajudaram-me em 2005 quando eu vivia uma experiência que não desejo a ninguém, nem ao Senhor que me fez tanto mal. Por sua vez, nem uma palavra de alento recebi da parte de quem tem obrigação de ser solidário, já que necessita da solidariedade alheia.

No dia 8 de Junho de 2006, as mesmas “pessoas inflexíveis que não ajudam ninguém” (alguma razão hão de ter para recusar ajuda ao Senhor e seus amigos) estiveram até tarde na Figueira da Foz para me receberem, apesar de estarem cansados. Trataram-me extremamente bem, saliente-se, e fizeram-me sentir nessa tarde a pessoa mais feliz à face da Terra. Eles tiveram a preocupação de perguntar como é que eu estava agora. Coisa que os senhores nunca tiveram a amabilidade de procurar saber. Ao saber que alguém se preocupava comigo, ficaria feliz por não ter sido esquecida.

Fique sabendo, Senhor Jorge Carvalho, que quatro ou cinco “pessoas inflexíveis que não ajudam ninguém” (como se usa dizer aí pela Capital) vendo que eu tinha dificuldade em ver os degraus da escada, quase me levantaram os pés do chão para eu não cair por ali abaixo e estiveram comigo até me ir embora.

No dia dos Campeonatos Nacionais em Seia em que eu não fui por falta de transporte, apareceram duas ou três “pessoas inflexíveis que não ajudam ninguém” nas imediações do Pavilhão onde decorriam os Mundiais de Ginástica Acrobática. Pois é, apesar de toda a tristeza que senti de não ir correr, acabei por ter o mais bonito dia a que pude assistir durante um evento desportivo. Se calhar, depois das provas organizadas por si, os atletas nem tempo teriam para se encontrarem. Mas estava eu a falar daqueles seres humanos a que aí em Lisboa chamam “pessoas inflexíveis que não ajudam ninguém”. Essas pessoas não me conheciam e eu não sei de onde saíram. Tão depressa apareceram como desapareceram. Deu tempo de tirar umas fotos. Antes de “evaporarem” Dolce Vita adentro, eles deram-me um chapéu laranja que ainda hoje guardo em Coimbra.

O senhor não me conhece e isso foi fatal agora. Eu sou amiga de todas as “pessoas inflexíveis e que não ajudam ninguém” e não admito que venham para aqui com essas desculpas. Correu mal! Inclusive, estou a pensar em aprender a Língua e a cultura para Setembro.

Para terminar, se os holandeses são- como aí lhe chamam em calão alfacinha- “pessoas inflexíveis que não ajudam ninguém”, como se chamarão pessoas que, além de não ajudarem ninguém só destroem as pessoas que lhes pedem ajuda?

Vale-me ao menos o Glorioso que passou à fase de grupos da Liga dos Campeões ao vencer o Áustria de Viena por 3-0. Os golos tiveram a particularidade de serem todos apontados por jogadores portugueses. Rui Costa, Nuno Gomes e Petit deram enormes alegrias aos adeptos. Quinta-feira será o sorteio.

Situação do dia:
O terceiro golo do Benfica apontado por Petit surgiu de uma situação bizarra. O lateral-direito do Áustria de Viena Fernando Troyansky saiu desparado do campo a correr para os balneários. O que é que eu pensei?!! Deu-lhe uma súbita dor de barriga e ele teve de ir à casa de banho sem demora. Provavelmente até iria tomar um daqueles comprimidos que se dissolvem na boca sem água e que andam por aí a fazer enorme sucesso. Enganei-me! O jogador argentino foi trocar de calções. Como é um rapaz bastante pudico e não quer mostrar as suas partes íntimas a ninguém, foi ao balneário e trocou de calções à vontade. Aposto em como ele até trancou a porta!

Bacorada do dia:
“O empresário que come do empresário...” (complexidade do Futebol Português a toda a prova!)

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