Tuesday, December 15, 2020

“O Labirinto da Saudade” (impressões pessoais)

 

Faleceu há dias o ensaísta e filósofo português Eduardo Lourenço. Algumas obras foram disponibilizadas em formato digital.

 

Agora optei por ler esta que fala da forma como os escritores portugueses influenciaram a sociedade e como eles próprios foram influenciados nas suas obras pela mesma.

 

Numa reflexão bem elaborada do que é ser português ao longo dos tempos, Eduardo Lourenço vai refletindo sobre as mudanças verificadas na nossa sociedade ao longo dos tempos e, especialmente, no tempo dos nossos maiores autores.

 

Fernando Pessoa, Eça de Queirós e Camões são talvez os nossos maiores autores, mas muitos outros foram aqui mencionados por Eduardo Lourenço nesta obra que nos leva a refletir o que é verdadeiramente ser português.

 

Nos tempos de hoje, com redes sociais e mais órgãos de comunicação social, qual seria a fama de muitos dos nossos escritores que viveram noutras eras. Camões, por exemplo. Seria de palavra fácil na hora das entrevistas? E Fernando pessoa? Como seria uma entrevista dada por ele? Imagino que Eça de Queirós seria retratado pelas revistas cor de rosa. A sua casa, a sua vida social, as suas viagens seriam notícia, tal como são os famosos de hoje. Mas estes autores seriam realmente famosos?

 

Diga-se de passagem, que não vejo um escritor destes famosos da nossa praça a dar muitas entrevistas para os canais de televisão mais sensacionalistas. As capas das revistas cor de rosa muitas vezes apresentam pessoas que muitas vezes me passa ao lado quem são. Sempre vou atirando que participaram nalgum realityshow. Sim, um dia num programa destes já confere ao anónimo cidadão ter tempo de antena nesses jornais e revistas.

 

Um escritor pode andar anos e não ser sequer abordado por essas publicações. A menos que dê uma entrevista a Cristina Ferreira ou a Daniel Oliveira.

 

Assim é ser português hoje. Procura-se a fama muito facilmente e nem sempre da melhor forma. Deixai os escritores sossegados a fazerem o seu trabalho de nos contarem histórias ou, neste caso, de refletirem sobre a sociedade portuguesa. A fama e as entrevistas ficarão para quem não tem mesmo mais nada para fazer.

 

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