Aberhoun

 

Tem sido uma época negra para o Futebol Português e mundial em termos de perdas de alguns dos seus protagonistas. Chega a notícia de um jovem de trinta e um anos que partiu cedo demais.

 

Não foi há assim tanto tempo que Mohamed Aberhoun brilhava no centro da defesa do Moreirense. As suas exibições seguras faziam antever voos mais altos. Aqui e ali já se falava em dar o salto para um clube de maior dimensão.

 

Acabou por ir para a Turquia. O Moreirense ainda recebeu uma verba interessante para as suas contas.

 

Infelizmente a vida trocou as voltas ao jogador marroquino. A notícia que chega é que não resistiu a um cancro que apenas foi diagnosticado em março deste ano. Enfim, uma história triste que faz pensar no quão injusta e cruel pode ser a vida de um Ser humano.

 

Vivemos numa sociedade que tende em desumanizar as pessoas. Muitas vezes desvaloriza-se o indivíduo em detrimento de interesses e o mundodo futebol é disso exemplo. Esquecem-se por vezes que são pessoas que ali estão e , como tal, são vulneráveis na sua condição de seres humanos.

 

A nossa sociedade faz com que levemos a vida a correr e nos esquecemos que ela pode ser curta para apreciarmos tudo de bom que ela tenha. No Desporto profissional, por vezes não há lugar ao prazer que o Desporto deve dar ao Ser Humano. Esquecemo-nos que por vezes basta a saúde nos faltar e isso não podemos controlar. Ninguém controla estas situações que por vezes nos surpreendem e nos deixam embasbacados. Pensamos que ainda ontem praticávamos Desporto, ajudávamos a equipa e de repente tudo muda. É triste!

 

Recordo-me particularmente de uma fotografia partilhada no Instagram há uns anos. Não me lembro se foi o Zizo ou se foi o Hichem que a partilhou, mas tenho ideia que foi o Zizo. Nessa foto estava o Aberhoun, o zizo e o Hichem. É essa imagem que hoje guardo. Foi nessa imagem que imediatamente pensei quando soube da morte de Aberhoun.

 

Lembrei-me também de um direto que o Zizo estava a fazer no instagram numa noite na véspera de um jogo do Moreirense. O colega de quarto dele era o Aberhoun. O Zizo ia-lhe perguntando algumas coisas e ia falando das pessoas que interagiam com ele no direto. Depois houve alguém que disse ao Zizo que era hora de recolher e ele parou o direto. As pessoas perguntavam coisas ao Zizo e ele perguntava ao Aberhoun que estava ao seu lado. Estive para dizer ao zizo para deixar dormir o colega e que se fosse eu que ali estivesse no lugar do Aberhoun, já lhe tinha tirado o telemóvel, que era hora de dormir. Não era muito tarde, mas havia jogo no dia seguinte, lembro-me eu.

 

Em tudo isto pensei eu ontem. Sinceramente, nem sabia que o aberhoun estava com esses problemas de saúde. Tinha apenas trinta e um anos e mais algum tempo de Futebol pela frente. Infelizmente partiu cedo demais.