Monday, June 01, 2020

Esperando o Rio Ave em tempo de pandemia



Ainda no seguimento do post anterior, o meu subconsciente resolveu guardar a informação da escrita daquele texto e condimentou-a com os apelos dos jogadores da Primeira Liga que estão a passar no Canal 11 para que os adeptos não se juntem à porta dos recintos desportivos ou dos locais de estágio dos jogadores.

Pois bem, eu sonhei que esperava o Rio Ave…em casa dos meus pais. Os sonhos são mesmo assim!

Tinham vindo jogar perto e o autocarro ficava no pátio. Provavelmente até lá cabe um autocarro, digo eu. A saída de segurança fazia-se pelo escritório. Se calhar foi aberta uma porta para o pátio lá dentro. Agora, com esta pandemia, houve obras em muitos locais. Inclusive o Rio Ave teve de fazer obras no estádio.

Eu via-os passar de longe, respeitando as medidas de distanciamento. Ao mesmo tempo, a vontade de ver de perto o Taremi era muita. Vivia então um dilema mas, para o meu bem e o bem dele, optei por ficar a ver de longe os atletas com fatos de treino verdes a passar.

Alguém me disse que deveria arriscar. Fui um pouco para mais perto mas insistia em guardar distância. Era o melhor para todos.

Um atleta passava junto a mim com uma bola pequena, vermelha e branca…com uns guizos. Parecia uma bola adaptada a cegos. Aproximei-me mais e pedi-lha, sempre guardando distância. Também por causa da pandemia, pedi que ele atirasse a bola ao chão em vez de ma entregar em mãos. Assim fez. Laika- que ainda era viva- logo a apanhou e levou-a nos dentes para debaixo da mesa da casa de forno.

Com todas estas distrações da bola, nem dei por conta da passagem do Taremi. Provavelmente terá passado quando persegui a cadela e a bola até à casa de forno.

Já ninguém passava ali. Ouvia-se o motor do autocarro a trabalhar. Vendo o meu desapontamento, alguém me disse que devia ir para junto do veículo. Eu ia dizendo que não. Era um caso de saúde e de risco para todos.

Estava num dilema. Pensava no que fazer mas o bom-senso e o sentido de responsabilidade acabaria por levar a melhor.

Como dizem os atletas, a melhor forma de apoiar é ficar em casa. Em casa já eu estava, por acaso mas a segunda parte do dever de um agente de saúde pública- que é o que nós todos devemos ser neste momento- é manter a distância para o bem de todos.

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