Thursday, June 04, 2020

“A Garota Que Adorava Tom Gordon” (impressões pessoais)



Regresso hoje com os comentários a livros e nada melhor do que recomeçar com o meu autor preferido.

Stephen King sempre foi uma referência para mim. Muito mais do que o admirar enquanto escritor, revejo-me nas suas obras. Na imaginação sem limites para criar histórias empolgantes e fantásticas. Esta é a escrita na qual eu me revejo porque também gosto de escrever contos de terror. Para isso não é preciso viajar muito, ler outras obras, consultar documentos. Basta dar largas à imaginação.

Esta obra não é assustadora. É apenas uma história de sobrevivência e de superação.

É a história da Patricia de nove anos que foi dar um passeio na floresta com a mãe e o irmão mais velho. Enquanto os familiares se embrenhavam numa discussão, ela procurou um lugar para fazer as suas necessidades fisiológicas e perdeu-se na floresta. Esta floresta existe na realidade e o autor recomenda na sua obra, que foi escrita em 1999, que não se atrevam a ir sem uma bússola, pois é muito fácil se perderem. Hoje em dia há GPSe smartphones. Talvez já não seja tão fácil se perderem ali, digo eu.

Li também que brevemente esta história vai ser adaptada a cinema. Dará certamente um bom filme. Como a floresta existe mesmo, não gastarão muito com cenários, digo eu.

Patricia era louca por basebol, pelos Red Sox e especialmente pelo seu jogador Tom Gordon. Ela envergava a sua camisola e usava um boné do clube autografado pelo mesmo.

Apenas com as provisões que havia levado para o lanche dessa tarde, a menina começa a caminhar sem rumo, sujeitando-se aos perigos de um local como aquele cheio de penhascos, trilhos perigosos e toda a espécie de insetos e animais selvagens de grande porte.

À medida que os dias vão passando, a criança vai-se sentindo cada vez mais perdida e mais assustada. A sua única companhia era o seu rádio de pilhas onde ainda podia acompanhar os jogos do seu clube e do seu ídolo. Era Tom Gordon que sempre estava no seu pensamento e lhe fazia companhia nos momentos mais delicados que ia passando na floresta. Travava mesmo diálogos imaginários com ele e imaginava que ele caminhava a seu lado, protegendo-a dos perigos.

Quando acabaram as provisões, Patricia foi-se alimentando do que a floresta lhe dava. Ia ficando cada vez mais fraca, mais doente e mais assustada. Continuou sempre a caminhar e Tom Gordon sempre ao seu lado. Terá sido o seu ídolo que a amparou sem o saber e a ajudou a chegar a um trilho junto à fronteira com o Canadá enquanto a equipa de buscas tinha reduzido o perímetro de ação ao local onde a mãe e o irmão a viram pela última vez.

Fingindo estar num campo de basebol com o seu ídolo a assistir ao seu desempenho, delirante e desgastada, Patricia enfrenta o urso que a perseguia na floresta arremessando-lhe o seu rádio com as pilhas gastas. O urso estava a recuar quando um caçador o atingiu.

É uma história de paixão e superação. Eu, que também gosto de Desporto, já vivi na pele o quanto representa a devoção por um clube ou por um jogador. Os problemas tornam-se mais suportáveis. Quando estamos doentes ou a vida nos corre mal, um jogo do nosso clube, um golo do nosso ídolo ou uma música de que gostamos faz toda a diferença.

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