Por vezes penso que não nasci para ser feliz. Praticamente
desde que nasci que a dor e o sofrimento se entranharam em mim como uma segunda
pele.
Quando experimentei a felicidade, foi sempre durante curtos
intervalos em que a dor deu tréguas. Uma percentagem enorme da minha vida foi
afetada pela dor, quer pela física, quer pela psicológica. Não sei dizer qual
delas a mais devastadora. Ambas me fazem companhia diariamente e não poucas
vezes estão uma associada á outra.
Se algum dia me sinto feliz, logo começo a estranhar e
auguro um momento de dor ainda maior do que aquela que sempre me acompanha. Raramente
me engano. A felicidade e os bons momentos na minha vida nunca duram muito.
Logo vem algo que destrói o meu estado de graça e provoca em mim um momento
ainda mais angustiante e sombrio do que o que sentia antes dos bons momentos.
Não consigo perceber o que fiz de mal na vida para merecer
passar por tudo isto. Muitas vezes penso que nem vale a pena lutar como eu luto
para depois vir alguma coisa e estragar tudo o que eu fiz ou consegui com tanto
esforço. Já há muito que deixei de acreditar no Divino. Se existe algo de bom,
certamente não foi feito para mim. Apesar de sempre tentar levar a minha vida
para a frente, estou a sentir que estou muito próxima do limite que consigo
suportar. A minha resistência á dor e ao sofrimento pode ser bastante mas não é
ilimitada.
Este último ano para mim tem sido muito difícil. Há dias em
que pura e simplesmente não quero ver ninguém e nem quero que ninguém me
incomode. No entanto, tento fazer um esforço para seguir em frente. Há dias em
que o esforço para abrir os olhos é doloroso. Ninguém faz ideia dessas coisas.
No entanto, faço o que tenho a fazer e jamais faltei a compromissos ou ao
trabalho por causa disso.
As pessoas nem fazem ideia de como estou por dentro, apesar
de aparentar dar a volta por cima. Se assim não fosse, já há muito que teria
desistido de viver.
Continuo a alimentar a esperança de algum dia as coisas
mudarem mas cada vez mais as coisas se tornam mais complicadas. O pouco que
tinha foi-me tirado e o sossego também.
Não posso fazer nada, apenas me tenho de conformar com a
sorte que me foi destinada.
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