A partir do momento em que comecei a andar de bengala na
rua, tudo mudou.
Passei a ter pontos de referência mais definidos que não têm
a ver com as cores, como fazia antigamente. Ainda vejo algumas cores mas os sons
e o tipo de piso, por exemplo passaram a merecer mais atenção da minha parte.
O pior é quando os pontos de referência se encontram
alterados ou obstruídos. As pessoas nem fazem ideia do transtorno que nos
provocam ao simplesmente estacionar o seu veículo num local onde não deve
estar. Eu descontrolo completamente quando me tenho de desviar do caminho
conhecido só porque está ali um carro ou uma carrinha estacionada.
Então um dos locais favoritos para se estacionar veículos de
mercadorias é logo no acesso à rampa que vai para as instalações da ACAPO.
Parece que até fazem de propósito, já que a placa que
simboliza a instituição agora está mais visível. Bem, algumas vezes os donos
desses veículos ainda nos vêm ajudar, vendo a dificuldade que nós temos em nos
deslocarmos ali. Dizem logo que só iam demorar uns cinco minutos, só para
descarregar a mercadoria. Pedem mil desculpas por estarem a obstruir o caminho,
perante o nosso desagrado e prometem que foi a última vez que ali deixaram a carrinha.
O que é certo é que provavelmente no dia seguinte a mesma
carrinha lá está no mesmo sítio outra vez a tapar-nos a passagem.
Acho que se devem vendar os olhos a essas pessoas e
convida-las a experimentar passar pelo curto espaço entre o veículo e o muro.
Talvez para a próxima pensem duas vezes!
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