Thursday, June 25, 2020

Falava pelos cotovelos



Por vezes nem sei onde raios o meu subconsciente vai buscar certos personagens que simplesmente povoam os meus sonhos e nem pedem licença para entrar.

Pouco me lembro do contexto deste sonho mas vale pela descrição do personagem, pelo menos da sua característica mais visível…ou mais audível neste caso.

Lembro-me apenas que havia um evento qualquer ao ar livre. Até o meu subconsciente sabe que agora, como as coisas andam, não nos podemos reunir muito em espaços fechados.

Estávamos num parque de merendas ou outro lugar parecido onde existem daquelas mesas de madeira de piquenique.

O evento tinha a particularidade de abranger pessoas de várias nacionalidades. Esta criatura era da Europa de Leste, da Eslovénia ou da Croácia.

Não o conhecia mas sentou-se na mesa ao meu lado. A sua pele era delicada e o seu cabelo era de um castanho muito claro. Parecia muito jovem. Nem um sinal de barba havia na sua cara.

Desde que se sentou, não parou de falar. Muitas vezes não o entendia e ia acenando. Noutras vezes falava muito alto, não deixando os outros conversar. Todo o espaço era dele. Era dele o palco. Ninguém mais falava.

De vez em quando lá se ouviam sussurros noutras mesas mas já eram de enfado.

Ele falava, e falava, e falava. O azar é que toda aquela interminável verborreia se destinava á minha pessoa que também estava morta por o ver calado e a comer.

E assim continuou até eu acordar. Mesmo assim, parecia-me ouvir a sua voz ecoando na minha cabeça.

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