Há sensivelmente um ano que perdi a capacidade de ler a
tinta. Agora os leitores de ecrã são os meus maiores aliados nesta busca pelo
conhecimento. Seja no telemóvel ou no computador, estou sempre a par das últimas
notícias.
Mal sei ler Braille. Aprendi há uns anos atrás mas, como se
passaram mais catorze anos sem perder a visão, acabei por não precisar de
aprofundar muito essa forma de escrita que tão importante foi e continuará a
ser no acesso dos deficientes visuais à cultura e à educação.
Entretanto, ao longo desses catorze anos, surgiram as novas
tecnologias. Os telemóveis de dois mil e cinco eram rudimentares. Longe
estávamos de sonhar que iríamos ter nas nossas mãos os aparelhos que temos
hoje. Eles leem livros por nós, procuram-nos as notícias seguindo a nossa voz e
escrevem o que ditamos. Ainda há quem goste de ler livros em braille mas estes
são pouco práticos. É mais confortável levar os livros num aparelho que cabe na
palma da nossa mão, seja um telemóvel, um mp3 ou mesmo um TifloReader. Tenho
tudo isso. É só escolher. Pessoalmente prefiro os livros digitais aos
audiolivros. Para os leigos, os audiolivros são lidos por voz humana e gravados
em mp3. Os livros digitais são só texto, como este que estou agora a escrever.
Lê-se com o leitor de ecrã do telemóvel ou do computador. Há aplicações para
ler livros, como se estivéssemos a ouvir uma faixa de música.
Com tudo isto, o contacto com as palavras escritas é muito
reduzido. Por vezes vejo as letras grandes estampadas na minha roupa mas só
vejo uma de cada vez devido aos ferimentos que tenho no olho.
Felizmente tenho o gosto pela escrita e o meu blog não vai
deixando que esqueça como se escreve. O leitor de ecrã também me informa se há
algum erro quando escrevo no Word. É essencial alimentar esta fogueira da
escrita.
Felizmente, nos últimos dias, todos os dias escrevo alguma
coisa. Daqui a um tempo estarei ao nível do que estava quando deixei de ler com
os olhos.
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