Wednesday, June 30, 2010

“O Fiel Jardineiro” (impressões pessoais)



Mais um livro de John Le Carré que eu leio. Este tinha uma história bastante interessante que tinha como ponto de partida o assassinato de uma mulher que teve o azar de denunciar fraudes em grandes empresas farmacêuticas que eram intocáveis e estavam protegidas pelos governos de diversos estados.

Uma vez que a história envolvia a investigação de um crime, a ideia inicial era que este livro seria interessante e intenso. Essa intensidade foi cortada aqui e ali com passagens fúteis e pouco interessantes.

Tal como acontece nos livros que envolvem a investigação de um crime, eu tentei adivinhar quem eram os responsáveis pela morte de Tessa Quayle. Ao Capítulo 6 envolvi Sandy Woodrow no caso pela forma como encobria a verdade aos polícias e incentivava os companheiros a deturparem a realidade. Nessa altura a minha intuição dizia que Arnold Bluhm- o companheiro de Tessa- nada tinha a ver com o crime e era tão vítima como ela. Woodrow e os seus companheiros disseram à Polícia que o médico africano era o autor do crime e andava fugido. Fui ainda mais longe e incriminei Woodrow com sendo o autor moral do crime que terá sido executado por locais. Ciúmes talvez fossem a causa para essa atitude. O cenário do crime também havia sido preparado para que todos pensassem que fosse ele. Onde Bluhm estaria permanecia um mistério e sempre acreditei que ele apareceria para contar a verdade, coisa que não aconteceu. O médico terá sido torturado e deixado no deserto a morrer lentamente.

Ao Capítulo 8 surgem as 3 Abelhas como sendo implicadas no crime. Isso não torna Woodrow inocente. Todos estariam envolvidos. Não me enganei.

Oito capítulos adiante já acerto completamente no que se passou. O crime foi perpetrado pelos amigos do marido da vítima que é o protagonista desta história e as 3 Abelhas para silenciar Tessa que andava a proclamar os efeitos nocivos de um medicamento contra a tuberculose. Ainda conservava, no entanto, a esperança que Bluhm aparecesse e desmascarasse todos aqueles falsários.

O desfecho da história é, na minha opinião, algo confuso. Além disso, e tal como no outro livro do mesmo autor que eu li há tempos, o final não é o que se espera e há uma ideia de impunidade para os maus e o castigo para aqueles que os querem desmascarar. Ficou por se esclarecer se a morte do filho de Tessa e Justin teve a ver com este assunto ou não passou de um episódio para compor a história. Em suma, prometeu muito e o resultado foi uma decepção. Nem sempre as histórias podem acabar com finais felizes. Assim também não teria piada mas Justin não merecia a traição dos seus amigos e colegas de trabalho que o andavam a tramar e o entregavam assim de mão beijada a outras pessoas em quem ele também confiava.

O livro que irei ler a seguir, por coincidência, passa-se no país onde está a decorrer o Mundial de Futebol- a África do Sul no tempo do apartheid. Já comecei a ler “Um Capricho Da Natureza”.

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