Wednesday, June 02, 2010

Final do Festival Eurovisão da Canção 2010



E chegou finalmente a noite de todas as decisões. Já desde pequena que acompanho a noite do Festival Eurovisão de forma especial e guardo para sempre na memória algumas participações inesquecíveis. Estou a elaborar um post com algumas das minhas canções favoritas de todos os tempos. Sabe sempre bem recordar.

Antigamente costumava escrever as votações todas à mão, o número das canções e outras incidências do evento. Em meados dos anos 90 colocava um pequeno gravador com uma cassete áudio a gravar. Mais tarde já era uma cassete VHS. Agora, por alturas do Festival, procuro mp3 e vídeos no YouTube. Sinais das mudanças tecnológicas ao longo dos tempos.

Há dias que me venho preparando para esta grande noite. Em virtude de ter dado muito tarde e em diferido, não pude acompanhar na íntegra a segunda semifinal em que a minha canção favorita era a da Dinamarca.

Comendo umas cerejas, ia assistindo ao espectáculo que abriu com a presença do vencedor do ano passado que aqueceu a plateia.

O desfile das vinte e cinco canções propriamente ditas iniciou com a presença do Azerbeijão e terminou com a prestação da Dinamarca, uma das minhas canções favoritas.

Vou passar aqui a fazer algumas considerações sobre factos que eu apontei. Como eu tive oportunidade de referir no texto sobre a semifinal em que participou Portugal, houve uma especial preocupação este ano única e exclusivamente em cantar e não em dar espectáculos de outra índole. Há anos atrás ouvi mesmo apelidar o Festival de local onde as pessoas descontentes com a sua sexualidade se exibiam sem tabus. Isto a propósito da vitória de Israel em 1998, vitória essa obtida por uma senhora que já fora um senhor. Nos anos seguintes houve países que repetiram o número para ver se pegava. A Eslovénia, a Dinamarca e a Ucrânia foram os exemplos inacabados. Atenção que não estou a descriminar nem a pejorar essas pessoas. Têm o direito a participar como as outras. O que eu estou a criticar é o facto de alguns países terem aproveitado o talento que deu a vitória a Israel com todo o mérito para levarem pessoas sem o mínimo de qualidade. A Eslovénia e a Ucrânia exageraram nesse sentido. Depois começaram a vencer canções que se afastavam completamente do espírito do Festival Eurovisão. Estou-me a lembrar da Grécia e da Turquia. São músicas boas para passar na rádio mas, da cultura tradicional do país que é o que interessa nada têm.

Sensivelmente de há três anos a esta parte, as coisas inverteram novamente para o que é o espírito do concurso. Em 2007 uma jovem da Sérvia chamada Marija de cabelo curto, de óculos e que se exibiu em palco de calças e casaco (quase uma minha sósia) mas com um grande talento venceu o Festival. Foi a primeira vez que eu acertei em quem iria ganhar. A partir daí, este ano inclusive, o concurso foi sendo ganho por jovens talentosos. O ano passado venceu um jovem que não teve a ajuda de ninguém naquela música. Tudo foi pensado e executado por ele. Apesar da crítica, foi uma vitória merecida. Quando o vi actuar, vi logo que ele ira ser muito premiado, sobretudo pelo júri entendido em talentos.

As actuações que se afastaram um pouco daquilo que era o acto de cantar este ano foram duas na final. Em anos anteriores eram dez ou mais em cerca de vinte e cinco canções. Este ano a Sérvia e a Moldávia foram as únicas. Aliás, aquele sérvio destoava mesmo. Estava, na minha opinião, deslocado do concurso. No Festiva aí de 2002 seria mais um.

Ao fim de alguns anos a Irlanda regressa à final do Festival Eurovisão. O país recordista de vitórias apresentou-se com uma das suas vencedoras daquelas vitórias consecutivas que conseguiu na década de 90. Naquela altura quase que nem era preciso fazer festivais porque já se sabia que a Irlanda ia ganhar. Era uma espécie de F.C. Porto da Eurovisão. Não havia era a suspeita de que os irlandeses corrompessem o júri. Aliás, nos anos seguintes a essas vitórias correu mesmo o boato de que a Irlanda invertia a tabela do festival lá do sítio para não ter de arcar mais com as despesas de organizar o Festival Eurovisão. Assim, levando a pior canção, já não se arriscava a ganhar. Terá sido por isso que só agora passa das semifinais. No final, a antiga vencedora do Festival ficou quase em último. O que terá mudado desde a vitória no Festival até hoje? O sistema de voto? Não me recordo já como era quando ela venceu. Eu nem sei em que ano foi que ela venceu. Haveria certamente menos países a concorrer. Os valores seriam diferentes. Provavelmente estes jovens talentosos que aqui se apresentaram superaram o talento que ela tinha na altura ou simplesmente ela perdeu qualidades. Não deixa de ser curioso. Ela apresentou-se a concorrer na Noruega, país de Elisabeth Andresen (vencedora do Festival Eurovisão em 1987, salvo erro e que estava sempre a ir ao Festival) e de um outro senhor que também representava a Noruega como se lá por aquelas paragens não houvessem outros artistas. A Noruega é o país dos repetentes ao Festival por excelência.

Houve uma canção que, assim que eu a ouvi, pensei que ira ficar bem classificada ou mesmo vencer o festival. Não me enganei. Estou a falar da canção da Turquia. Era também uma actuação que destoava das demais mas que estava muito bem conseguida. A haver surpresas, seriam certamente dali.

O público voltou a aplaudir efusivamente a senhora Bjork. Era a loucura. Para quem via nisso um prenúncio de vitória da Islândia, foi a prova de que nem sempre a canção que arranca mais aplausos é a vencedora. Todos aqueles aplausos se deviam única e exclusivamente ao carisma da cantora, à sua maneira de ser e não ao seu talento.

Mais uma vez fiquei com a sensação de que quem merecia vencer era o belga. Ele esteve simplesmente espectacular mas toda a gente achou que a jovem alemã também esteve muito bem e deram-lhe a vitória.

Uma palavra para a canção francesa: assim que a ouvi fiquei com a sensação de que aquela música teria tudo para ser um sucesso de verão e, agora em época de Mundial de Futebol, ira ser certamente uma das ideais para banda sonora das imagens do dia ou do Mundial propriamente dito. Isto antes de eu saber que essa música era…o hino da Selecção Francesa no Mundial. Como têm a boa da entrada directa na final da Eurovisão, a França deve levar uma canção qualquer, mesmo o hino da Selecção Nacional.

Um facto insólito marcou a final: o intérprete espanhol teve de interpretar a sua canção uma segunda vez porque alegadamente o palco havia sido invadido por alguém. Provavelmente seria alguém a querer verificar se a sua cabeleira era natural ou se tratava de uma peruca. O facto de ter cantado duas vezes não valeu nenhuma vantagem para as cores espanholas.

A tradição ainda é o que era e o Reino Unido voltou a ficar em último lugar. Há coisas que nunca mudam! A música não era má…mas era do Reino Unido e Festival que é Festival tem de acabar com o Reino Unido em último mesmo que leve a melhor canção de todas.

A nossa canção ficou em décimo oitavo lugar com 43 pontos. Foi pena Andorra este ano não ter participado, senão eram mais uns pontos. E o Luxemburgo…já não me lembro de ver o Luxemburgo a participar no Festival há muito. Fiquei chateada de a canção da Sérvia ter ficado à nossa frente. Que horror!

No início das votações fiquei toda contente porque os primeiros dois países que votaram deram doze pontos à Dinamarca. Eu adorava aquela música. Estive indecisa entre votar nela ou na da Rússia. Pensei que a Dinamarca não ia dar hipóteses mas enganei-me. Quem não deu hipóteses foi Lena, a jovem alemã. Em segundo lugar ficou então a tal canção que eu dizia que ia fazer coisas engraçadas- a Turquia. Se ganhasse não me surpreendia.

O encerramento do espectáculo coube a Lena, a grande vencedora. Visivelmente emocionada, a jovem alemã repetiu a interpretação da sua música já empunhando uma bandeira do seu país, qual atleta pronta a dar a volta de honra à pista. Enquanto cantava, Lena ia proferindo palavras de incredulidade quanto ao que lhe acabava de acontecer e ia agradecendo ao público em Inglês e Alemão.

Eu particularmente não gosto da música mas acho que ela é talentosa e isso pesou para quem teve de decidir.

A canção da Rússia ficou aí em décimo lugar ou algo do género. Sei que ficou à frente da portuguesa. Apesar de eu gostar da música, achava que ficaria quase em último (em último não, que está a participar o Reino Unido).

Para o ano há mais!

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