Sunday, February 18, 2007

Acordei do sonho

E com muita pena minha chegou a hora de me despedir da Académica. Chegou ao fim o sonho que me envolveu ao longo dos últimos dias. A hora é de acordar e de despertar para a dura realidade.

Muito eu gostaria de prolongar esse sonho que se confundiu com a realidade. Ou será que foi o contrário? O que interessa é que o sonho não se realizou. Realizou-me enquanto Ser Humano e fez com que todas as tormentas ficassem situadas num profundo patamar quase inacessível. Pelo menos durante algumas semanas.

Como quem acorda de um sonho bom que teve durante uma produtiva noite de descanso, também eu tenho de abandonar este verdadeiro conto de fadas em que me envolvi e regressar às trevas e aos subterrâneos povoados de obstáculos e preocupações, de onde me é difícil sair.

Ao longo dos últimos quinze dias vivi o impossível, vi-me a fazer algo que idealizei fazer e que achava quase impossível concretizar. Pareceu-me ter o espírito mais aberto, viver num clima de paz e pensar que o que se tinha passado para trás não havia passado de um terrível pesadelo.

Tal como acontece em todos os sonhos, também este tem de acabar. Não é com o acordar brusco, nem com a terrível algazarra do despertador. Quando ao final da tarde eu passar aquelas portas de madeira, descer aquelas escadas e sair para a rua tudo irá retomar o seu curso negativo. Tudo voltará à rotina de sempre.

Foi óptimo, mas acabou depressa. Assim passassem os tempos menos bons que eu tenho tido e que se prolongam até ao dia do meu juízo final, condenando-me por crimes que não cometi.

Foi fantástico ter conhecido o lado bom da vida, mesmo por um tempo tão limitado. Algo que eu quase nem conheço o sabor e, quando o sinto, o seu agradável efeito passa depressa.

Aquele dia iria passar depressa, apesar de ser véspera de fim-de-semana. Gostaria de prolongar estes momentos para a eternidade, mas eu não comando o tempo. Se tivesse esse dom faria tudo exactamente ao contrário. Os momentos bons passariam devagar e momentos como este durariam para sempre. Como eu não tenho esse poder, resta-me acordar deste sonho bonito que me invadiu. Quando passar as portas de madeira, descer as escadas e sair para a rua, tudo chegou ao fim. Acordei!

Consta que tenha chovido naquela madrugada. Apesar das más condições climatéricas, os gatos discutiam e o seu som cortava a noite silenciosa. Indiferente a isso, parece que sonhei com uma música e de manhã acabei por passar o CD onde ela se encontrava. Devia ter apontado qual era esse tema musical.

Na ACAPO o cabo da Internet do computador estava desligado. Aprendi a ligá-lo. Para a próxima já sei como hei-de proceder de modo a que tudo o que se passa no Mundo me chegue ao conhecimento. A vida do Ser Humano é uma constante aprendizagem!

E parti para o meu último dia na Académica. Teve que ser. Despedi-me em beleza ao entrevistar dois atletas brasileiros que colaboravam bastante nas respostas às minhas perguntas. Nem outra cosa seria de esperar de alguém que chega do País Tropical de Tom Jobim e Vinícius de Moraes.

Parece que a chuva voltou, de forma lamentável e impiedosa a fustigar o Sul de Portugal e a causar avultados prejuízos. Dizem os entendidos nisto do clima que será assim daqui ao futuro.

A saudade teve de apertar na despedida, mas a vida tinha de continuar. Depois de um dia de trabalho, o mais normal era partir para mais uma sessão de treino. As provas estão aí não tarda nada e quero iniciar conforme acabei: a fazer bons resultados. Em 45 minutos de corrida contínua- com a pista molhada- dei catorze voltas e mais cerca de oitenta metros a uma das pistas de fora. Os indispensáveis alongamentos deram por terminados os treinos da primeira semana de Novembro.

Estava assim terminada a semana e o dia que não desejei que tivesse terminado. A rotina e o regresso à ACAPO esperam impreterivelmente por mim na próxima semana.

Situação do dia:
Um aluno da Escola Infanta D. Maria “semeou” dinheiro que foi cair ao meio da estrada. Se ele nascesse...

Bacorada do dia:
“Desculpe, o meu computador tem buracos!” (Se nós temos buracos, as coisas também os têm.)

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