Saturday, August 25, 2018

Quando achei um livro

E cá estou eu na minha árdua tarefa de narrar os episódios da minha vida passada que surgem assim vindos do nada e que me assolam.

Já aqui falei das minhas investidas sobre uma arca de madeira que, por acaso, ainda existe lá em casa mas julgo que só tem roupa lá dentro agora.

De vez em quando, eu ia à despensa, que era como se chamava ao escritório atual lá de casa, e vasculhava a enorme arca de madeira. Encontrava quase sempre as mesmas coisas: roupas velhas, umas calças verdes de ganga que o meu pai comprou em Lamego porque rompeu as outras a saltar arame farpado…

Houve um dia em que achei um livro. Nessa altura, do que gostava mais dos livros era das imagens. Jamais pegava num livro sem imagens como faço agora. O que me fascinava naquele livro era o facto de as fotos terem muitos filtros. Não eram fotos a cores. Eram fotos com filtros vermelhos, amarelos, azuis, verdes…

A imagem que me assola o espírito leva-me ao barracão da casa das minhas vizinhas- hoje em ruínas. Ali me sentei a folhear o livro que, por o ter achado há pouco tempo, não largava.

Para além da memória visual assim surgida do nada, também me invadiu as narinas o cheiro de papel arrumado e bafiento.

Não consigo explicar por que é que isto me acontece. Resta tomar nota e aqui trazer estes fragmentos de memória.

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