Friday, August 31, 2018

Carregando livros desde sempre

Ontem, mal liguei o rádio, agora que se aproxima mais um ano letivo a passos largos, só se falava do peso que as crianças transportam para a escola às costas. Dentro das mochilas.

Eu duvido que alguma criança de hoje carregue tantos livros às costas como eu carregava. Sim, esta mania que hoje tenho de levar livros para todo o lado, já a tenho desde tenra idade.

Eu não me contentava em levar os livros escolares. Quando eu chegava à escola primária e tirava tudo da mala, fazia a maior pilha de livros que alguma vez se viu em cima de uma mesa. Acho que todos os meus colegas juntos, os livros deles, se os juntassem, não faziam um monte de livros em cima da carteira tão alto como o meu. Não admira eu demorar tanto a arrumar, como eu fazia.

Tudo o que tivesse letras ou imagens me servia para levar para a escola. Livros, revistas, cadernos com desenhos, até folhetos...e só comecei a ter mochila de levar às costas quando entrei para o ensino preparatório. Até lá usava pastas de levar ao ombro ou de levar na mão-o que era ainda pior.

Dez por cento do peso corporal? Qual quê? As minhas malas pesavam mais do que eu em certos dias. Depois há aqui um pormenor que escapa aos filhos de hoje. Enquanto os pais os levam de carro mesmo junto ao portão da escola, eu ia a pé para a escola. Lembro-me de muitas vezes, vergadas ao peso do conteúdo, as minhas malas não resistirem e as alças rebentarem pelo caminho ou desencaixarem.

Lembro-me de um episódio curioso. Quando já tinha rebentado quantas malas havia por causa do peso que levavam, a minha professora primária ofereceu-me uma mala muito bonita para levar para a escola. No entanto, a mala era muito estreita e dava para levar o essencial. Ela alertou-me que, se a mala rebentasse por causa do excesso de livros e cadernos, ela nunca mais me dava nada. Então eu andava com muito cuidado e tentava, embora fosse difícil, levar só o essencial.

Ainda hoje, vá para onde for, tenho sempre de levar pelo menos um livro atrás de mim. Até para a praia levo livros, quando devia poupar as costas só a levar comida, bebida e os acessórios indispensáveis para a praia. Para que levo eu o livros? Não sei. Por acaso não lhe pego.

Mais curioso é levar livros para convívios onde só se come e bebe. Para quê? Não sei. Simplesmente é um habito que sempre tive. Podia ter hábitos piores. O de sempre andar com livros atrás é simplesmente estranho.

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