Monday, June 26, 2017

Quando a Natureza mata

Alguns dias passados sobre o incêndio mais mortífero que assolou Portugal, ainda custa a acreditar que uma tragédia desta dimensão tenha acontecido. Triste demais, hediondo demais, horrível demais.

Inicialmente, quando no Domingo de manhã ouvia por alto as notícias, pensava que ainda se estava a falar do também terrível incêndio de Londres que aconteceu há uns dias e também provocou um elevado número de vítimas. Dias depois, eis que o fogo ceifaria quase tantas vidas junto à estrada, quantas as que pereceram entre quatro paredes de um apartamento.

Hoje, alguns dias passados sobre esta dolorosa tragédia, assisto às notícias e fico boquiaberta com a rapidez com que o clima está a mudar em Portugal. Fico preocupada com a possibilidade de ocorrerem fenómenos meteorológicos invulgares como o que propagou este fogo em Pedrógão Grande. Habituar-me a que a trovoada viesse quase sempre acompanhada de chuva, não de ventos estranhos, com raios a cair em cima de árvores, deitando o fogo a tudo à volta e apanhando as pessoas que tentavam libertar-se das suas chamas e dos seus fumos nefastos.

Eu pensava que estes fenómenos climatéricos extremos que ceifavam vidas só aconteciam em outras paragens mais longínquas, normalmente nos Estados Unidos. Agora nós estamos aqui, aparentemente em segurança em relação aos crimes mais violentos e aos ataques terroristas mas a Natureza, de forma silenciosa e imprevisível, teima em nos vir assassinar de forma implacável. Não há como lutar contra ela. É mais forte do que a Humanidade toda junta.

Hoje ouvi falar de fenómenos atmosféricos dos quais nunca antes tivera conhecimento. Certamente muitos portugueses também não. Sempre houve trovoadas. Sempre caíram raios isolados. Lembro-me de uma ocasião em que vinha da ESEC num final de tarde em que nem uma nuvem havia no Céu. Ao entrar no meu quarto, ouviu-se um estrondo lá fora e ficámos sem luz. Foi um raio isolado que caiu. Se eu demorava mais uns minutos, sujeitava-me a levar com ele em cima.

Há dois anos também a trovoada originou um incêndio na minha aldeia. A pronta intervenção dos moradores que logo chamaram os bombeiros evitou o pior.

Cada vez mais isto tende a acontecer com mais frequência. Provavelmente um dia, não muito distante, a Terra será um local inóspito para o Homem que tanto negligenciou este planeta que habitamos. Talvez o inferno não seja mito e seja aqui mesmo daqui a uns anos. A Natureza revolta-se, o Homem é pequeno demais para a tentar dominar, para a travar, para a controlar. Estamos de pés e mãos atadas.

Para a próxima semana esperam-se intempéries para o nosso País. Isto não augura nada de bom.

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