Friday, April 05, 2013

“As Duas Sombras Do Rio” (impressões pessoais)



Esta é mais uma das minhas incursões pela literatura de Língua Portuguesa, mais concretamente, de Moçambique e do escritor João Paulo Borges Coelho.

Esta obra fala-nos de um tempo de guerra e da forma como um rio une e separa as comunidades. É um excelente romance de época e um excelente testemunho de como se vivia nos anos oitenta, em plena guerra civil em Moçambique.

Esta obra está cheia de termos africanos, alguns bastante engraçados, que nos poderão dificultar um pouco a compreensão. Por exemplo, fiquei a saber que “nhacoco” é crocodilo e “nganga” é curandeiro. Há outro termo desses a que achei imensa piada mas não me recordo agora. Sei que se referia a uma bebida.

Nesta obra destaco ainda um episódio caricato e que me fez lembrar José Saramago nos seus belos tempos. Ele, que tanto gostava destes eventos. Iam num barco depois dos bombardeamentos e pernoitaram numa floresta. Não se podiam acender fogueiras porque chamava a atenção do inimigo. Tudo estava em silêncio e em alerta máximo. Na hora mais morta da madrugada, deu uma forte diarreia a um passageiro que teve de ir pela calada da noite e sem fazer barulho aliviar-se junto ao arvoredo. Agora imaginem: tudo calado, tudo alerta a captar o mais ténue barulho e eis que ouvem alguma coisa. Os soldados desatam aos tiros e toda a gente acorda. Gera-se a confusão. E o que era? Um homem simplesmente a evacuar a sua diarreia.

Apesar de haver pouco sal e pouca pimenta numa obra como esta, a mesma vale como um importante contributo cultural para nos dar a conhecer como se viveu num Moçambique em guerra.

De seguida leirei uma obra que não é um romance. Mais uma. Também promete ser uma leitura bem enriquecedora.


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