No outro dia ouvi o testemunho de alguém que tinha deixado de ver e que dizia que o maior prazer que sentia era o de dormir porque nos sonhos ainda podia ver. Comigo acontece o mesmo.
Sonhei que andava na rua como nos bons velhos tempos. Sem bengala. As cores eram brilhantes. Preenchiam a alma. Dei-me ao luxo de me ter esquecido da bengala em casa mas também constatei que já não precisava dela. O pior era se este estado de graça desaparecesse repentinamente.
Podia estar todo o dia a ver Futebol na televisão e fui mesmo convidada para um almoço em casa de familiares. Problema? Vá lá saber-se porquê, não queria que ninguém soubesse que tinha recuperado a visão e que ainda via melhor do que antes.
Então tendia a exagerar em tudo. Havia gente que me dizia que eu tinha regredido na minha reabilitação mas eu tinha de guardar segredo a toda a força que já conseguia ver.
Foi uma desilusão acordar de madrugada e constatar que tudo se mantinha como antes.
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