Sunday, January 28, 2018

Fulminante

Numa era não muito distante, a Ciência irá avançar de tal forma que retirará qualquer espécie de imprevisibilidade a qualquer acontecimento da Natureza, mesmo àqueles fenómenos que hoje julgamos ser impossível controlar. A vida e a morte estarão entre esses eventos.

Não vamos muito longe. Hoje em dia, um médico já consegue prever quanto tempo um doente terminal tem de vida. Há alguns anos que isso acontece. Não consegue, contudo, prever a hora exata a que o indivíduo vai morrer. Ainda não. Mas nos sonhos isso é possível.

Sonhei que tinha sido diagnosticada uma doença terminal ao meu vizinho durante os meses de verão. Nada havia a fazer. Restavam-lhe poucos meses de vida. Iria morrer num certo dia de madrugada e todos nós estávamos preparados para isso.

A noite em que ele ia partir era fria e triste. O ambiente estava naturalmente pesado e todos nos reunimos numa casa completamente diferente de todas as que alguma vez conheci. Segundo um livro que li há pouco tempo, as casas oníricas têm um pouco de todas as casas por onde alguma vez passámos, cujos pormenores ficaram retidos no nosso subconsciente. A junção desses pedaços resulta numa casa completamente estranha como aquela onde toda a família e amigos se encontravam à espera da notícia mais que esperada.

A note estava estranha e, a certa altura, começaram a ouvir-se corujas. Alguém afirmou por entre o silêncio cortante que se fazia sentir que já se sabia por que piavam as corujas. Não havia que ter medo.

Estava embrenhada nesse ambiente tão pesaroso quando acordei com o toque do despertador que se encontra na hora de verão e desperta às cinco e meia. Tirei uma meia e adormeci com ela na mão. Quando o despertador do telemóvel tocou, logo a procurei. Estava ao meu lado.

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