Thursday, January 28, 2016

Informação à escala global



No tempo em que eu estudava Comunicação Social, tinha de ficar na escola até altas horas da noite para ter acesso à Internet. Era todo um mundo maravilhoso e inacreditável, o que se me deparava. Era uma ferramenta importante para os estudos mas os livros ainda tinham um peso significativo.

Nós fomos formados para trabalhar em jornais como os que havia na altura, televisões como as que havia na altura e rádios como as que havia na altura. Estou a falar de início do Século XXI. Já havia muitos órgãos de comunicação online…mas não havia redes sociais. Isso faz toda a diferença.

Hoje, para que queremos os media, se tudo se sabe na gigantesca aldeia global que é uma rede sociai? Perdeu-se a magia de contactar as fontes. Hoje, basta procurar o que as nossas fontes, sejam políticos, actores, desportistas ou músicos postam nas redes sociais. Também corremos o risco de tropeçar em grandes notícias sem querer como me aconteceu a mim e como passo a narrar.

Eu ainda hoje estou boquiaberta com a forma como ontem soube que José Peseiro ia para o Porto. É um sinal claro dos tempos.

Como o Saleh Gomaa saiu do Nacional da Madeira para ir jogar para o Al Ahly do Egipto e eu sou fã dele, comecei a seguir esse clube nas redes sociais, particularmente no Instagram. Houve alguns cidadãos anónimos que me seguiram a mim por curiosidade e cada vez mais me seguem por essas paragens. Também há grupos organizados de adeptos do Al Ahly e mesmo do Saleh Gomaa que é muito querido no seu País. Aqui por Portugal, de forma incompreensível, passou um pouco despercebido. Talvez isso se tenha ficado a dever às funções no terreno de jogo que Manuel Machado lhe destinava, mais defensivas. Na minha equipa, se fosse eu a treiná-lo, ele podia fazer o que quisesse, de modo a libertar toda a magia que tem nos pés.

Ontem, eram aí umas nove e meia da noite, comecei a ver que toda a gente lá no Egipto postava a mesma coisa no Instagram- o adeus a José Peseiro. Pois bem, eu esperei que um adepto do Al Ahly em especial postasse essa imagem. Foi o que aconteceu. Quando eu quero saber alguma coisa, pergunto-lhe a ele. Pelos vistos não falha. É uma incrível fonte que ali tenho.

Parecia que as pessoas estavam contentes com a saída do treinador lusitano. Entretanto eu fui dar uma volta pelas aplicações de notícias de Desporto. Não estava lá nada. Do Egipto, qualquer adepto do Al Ahly colocava uma foto de Peseiro. Como era possível cá no burgo ninguém saber de nada?Que jornalistas temos cá? Ou então sou eu que sou uma privilegiada. Deve ser mais isso.

Bem, voltei à aplicação das notícias de Desporto e lá estava a notícia a anunciar que José Peseiro tinha sido despedido do Al Ahly. Os resultados não eram bons mas…não eram maus também. Era estranho!

Voltei ao Instagram e meti conversa com esse meu amigo que normalmente me conta as novidades do Futebol lá dessas paragens. Escrevi que, com tantas mudanças de treinadores nos clubes portugueses, provavelmente José Peseiro estava de regresso a Portugal. Eu estava a pensar quando escrevi isso que Sérgio Conceição ia para o Porto e Peseiro ia treinar o Vitória de Guimarães ou o Marítimo que entretanto tinha também ficado sem treinador.

Qual não é o meu espanto quando a minha fonte me responde apenas escrevendo “Porto”. Eu disse que não acreditava, até porque estava à espera que viesse para o Dragão um treinador mais famoso. Falava-se de Leonardo Jardim, de Marco Silva, de André Villas-Boas, até se falou se Marcelo Bielsa. Era, aliás, a informação que circulava nessa tarde.

Bateram as dez horas da noite e o noticiário da Rádio Renascença abriu já com a notícia de José Peseiro no Porto. Os jornalistas estavam tão espantados como eu. Realmente ninguém estava à espera. Disse ao meu amigo que a notícia já tinha chegado a todos os órgãos de comunicação social e que o Portugal Futebolístico estava todo espantado.

E assim se sabem as notícias hoje. Os jornais candidatam-se a tornarem-se obsoletos e sem interesse. Com as redes sociais, cada um sabe um pouco de cada coisa para a poder partilhar num espaço comum e mais amplo. Um espaço que é de todos e de cada um. Que não conhece fronteiras ou distãncia. Ler jornais? Ver televisão? Isso foi no século passado.


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