Sunday, August 06, 2006

Uma aventura no Estádio versão voluntários da Acrobática

Mais uma vez adormeci e não vi o resumo do jogo da Holanda- o que é um autêntico sacrilégio.

Regressei a Coimbra. Não estava calor nem frio. Havia, no entanto, um clima abafado que fazia adivinhar que vinha mais trovoada e mais aguaceiros. Nos últimos dias a trovoada foi a companheira inseparável e indesejável de quem espera que o bom tempo convide a passear e a ir até à praia.

Ia ficar em Coimbra no fim-de-semana. E que fim-de-semana! As peripécias e aventuras seriam mais que muitas. Esperava por mim um dia emocionante e inesquecível.

Na cantina lá tive um encontro de terceiro grau com aquelas pessoas que se sabem. (ver texto “Ataque de choro”) O rapaz que eu vi há dias na paragem de autocarro junto à escola e na cerimónia de abertura vestia uma camisola vermelha. A fila dos alunos misturou-se com a dos atletas e ele nem estava numa nem noutra. Mas seria possível que aquele rapaz e seus restantes colegas fossem sempre almoçar quando eu também ia almoçar? À sexta-feira até saímos meia hora mais cedo e tudo. A minha sina era encontrá-los. Isso levou-me a pensar que, se eu acertasse tanto no Euromilhões como os encontrava, estava milionária de maneira a não saber mais o que fazer ao dinheiro. Também exclamei que, se me dessem umas notas de cinco euros pelas vezes em que me cruzava com eles, estava rica também.

Passou-se um dia de aulas igual aos outros. A hora de ir para o Pavilhão chegou. Finalmente iria ver uma competição de Ginástica Acrobática a sério. Fui para casa e não vi os chineses que tanto me agradaram a competir.

As provas da noite eram de pares masculinos e pares femininos. Eram as qualificações para a final a realizar no dia seguinte. Foi possível observar a beleza deste desporto que me era completamente desconhecido. Nos treinos tinha observado que aqueles atletas eram capazes de fazer coisas extraordinárias. Nas provas faziam coisas ainda mais bonitas.

A noite já ia alta quando os voluntários que restavam ali foram chamados ao Estádio Cidade de Coimbra. A prova consistia em carregar dois pesadíssimos palanques que não cabiam nos elevadores. A festa de encerramento ia ser lá devido às condições climatéricas.

Estavam ali cerca de dez pessoas que se aventuraram a carregar aqueles blocos. Iria ser uma verdadeira aventura.

Estivemos às escuras durante bastante tempo. Ninguém nos vinha acender as luzes. Estava a ser divertido. A noite até estava agradável para se passear na rua. A escuridão fazia-nos rir e ali ficámos até que se lembrassem de nos acender as luzes.

Fez-se luz e um primeiro grupo agarrou-se com todas as forças a um dos palanques. Eu estava nesse grupo. Apesar de serem muitas pessoas a esforçarem-se ao máximo para o transportar, aquilo era pesadíssimo. Para agravar as coisas, tínhamos de subir escadas e as forças começavam a faltar. As veias dos nossos braços pareciam explodir do esforço que estávamos a fazer. Se alguém fraquejava, o bloco parecia mais pesado para o dobro. As escadas eram um suplício. A certa altura a alça da minha mochila ficou presa num dos lances de escadas e eu fiquei apavorada. Tudo não passou de um susto e lá fomos para cima com aquele peso morto que ameaçava cair em cima dos nossos pés ao mínimo descuido. Ofegantes e a transpirar por todos os poros da pele chegámos, finalmente, ao local onde iria ser a festa. Toda a gente suspirou de alívio e quis ir ver a figura que o outro grupo fazia com o outro palanque que era mais pesado. O grupo do primeiro palanque tinha ficado com os braços a tremer e nem se atrevia a pegar em um pedaço de madeira que fosse.

Depois da aventura dos palanques fui para casa cansadíssima, transpirada e com as mãos sujas de me agarrar ao corrimão de umas escadas que são pouco usadas. Já quando foi o Euro 2004 sujei as mãos naquela escada também.

O banho do dia seguinte ia ser algo dramático. Outra aventura. Ou melhor: a escalada à casa da porta fechada. Melhor ainda “O Resgate da Chave” e ainda “Uma Aventura no Prédio”.

Situação do dia:
Durante aquela situação em que esperávamos que as luzes se acendessem contámos com um companheiro muito especial- um cão preto que não nos largou. Esse cão parecia que já nos conhecia há longa data e vinha deitar-se ao pé de nós. Quando as luzes se acenderam o cão entrou connosco para dentro do Estádio. Nós ríamo-nos porque aquele animal parecia mais um ajudante. Na verdade, ele só atrapalhava porque se metia debaixo dos nossos pés e nós tínhamos medo de o pisar e de ele nos morder. Quando íamos com o palanque para cima, ouvíamos um colega nosso a chamar o cão. Pareceu-me a mim que ele lhe chamava Tadeu e achei piada. Depois perguntei-lhe que nome é que ele chamava ao cão. Ainda me ri mais quando ele disse que lhe chamava Tareco. Mas Tareco é nome de gato!

Bacorada do dia:
“O tom de voz deve ser calmo e agressivo...” (assim a pessoa nem sabe se o seu interlocutor está zangado ou contentíssimo pelo seu comportamento.)

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