Sunday, August 20, 2006

O senhor Ernesto

Com o passar dos dias, o cansaço vai-se acumulando e o sono teima em não nos largar. E as férias que demoram!

Agora tenho de combinar como será a viagem a Espanha no próximo dia 3 de Julho. Vou com uma colega do Norte e as coisas devem ficar bem combinadas.

Parece que peguei no sono em plena aula de Português. Senti uma mão a tocar-me. Era a professora, claro está. Só que naquele dia houve gente que se deitou mais tarde para festejar a vitória de Portugal e estava sem disposição para as aulas. Não foi o meu caso, mas eu não via a hora de ir para o local onde me sentia bem: no Pavilhão.

Eu e a minha colega apresentámos um trabalho para uma aula em que tínhamos de planear o dia de expediente de uma administrativa. Para a coisa se tornar menos monótona, eu apresentei aquilo de maneira a não ser maçador. É que maçador já era o exercício por natureza. Eu prefiro coisas mais criativas e menos pesadas. Mesmo assim, tive criatividade a apresentar o trabalho e fui justificando de uma forma engraçada a razão de termos feito assim e não de outra maneira.

A criatividade foi tanta que pusemos que o trabalho da pessoa foi interrompido por um tal de senhor Ernesto que apareceu imprevisivelmente na empresa e com ar exaltado. O indivíduo pedia explicações à alegada administrativa por um erro que apareceu numa factura.

A crítica argumentou que o senhor Ernesto deveria ter marcado previamente a reunião e não deveria ter aparecido dessa forma nas instalações da empresa. Eu contra-argumentei que o indivíduo estava furioso e, nessas condições, ele precipitou-se em direcção à empresa. Eu ria-me porque imaginava a administrativa a preparar a reunião da tarde muito bem. Eis que aparece o senhor Ernesto aos berros, aos empurrões ás pessoas, completamente fora de si a protestar. Afinal imprevisto era imprevisto.

No Pavilhão iria ter um final de tarde em cheio. Voltei a falar com pessoal vindo da Holanda. Tinha prometido a uma amiga minha que iria perguntar a alguém se era possível uma pessoa deficiente visual praticar Ginástica Acrobática. Quis o destino que fosse perguntar isso a duas treinadoras holandesas com quem falava alegremente. Elas disseram que na Holanda havia duas raparigas deficientes visuais que eram ginastas.

A conversa prosseguiu e fiquei a saber que essa rapariga morava perto da cidade onde normalmente se realizam os campeonatos de Atletismo para deficientes. E como eu adorava lá ir! Aliás, o meu sonho é ir à Holanda.

Voltei a ficar a fazer segurança no sítio do costume: na bancada de imprensa, mas nem por isso larguei os holandeses ou eles me largaram a mim. Continuavam divertidos a fazerem-me sinais com ar simpático.

As provas da noite iam começar. Suíços e polacos faziam um barulho infernal. Os tradicionais sinos provenientes da Suiça faziam-se ouvir. Comecei a imaginar os meus colegas que tinham dores de cabeça da parte da manhã ali com aquela barulheira toda. Era bom o Pavilhão estar assim cheio e com muita animação nas bancadas.

Algumas pessoas iam perguntando onde eram as casas de banho. Tive também de ir perguntar a uma colega para não induzir as pessoas em erro. Imaginem que elas iam aflitas e tinham de andar por ali às voltas? Afinal de contas, estava a indicar-lhes bem o caminho.

Quando as bancadas começaram a ficar mais vazias saí dali e fui dar uma volta para ver como estava o ambiente. No local onde se vendiam produtos dos campeonatos passava um DVD com os resumos da passada semana. Fiquei por ali a recordar as prestações de alguns ginastas. Alguns tive mesmo oportunidade de conviver com eles mais de perto. Estava-me a lembrar das duas atletas chinesas.

Realmente os atletas ucranianos tiveram uma excelente prestação e mereceram ganhar o concurso de pares masculinos. O grupo de quatro ginastas chineses que eu tanto admirei nos treinos (ver texto “Ataque de choro”) era um regalo para os olhos. Não vi in loco a exibição deles em competição, mas tive oportunidade de recordar a prova posteriormente. Foram eles que me mostraram o quão bela é a Ginástica Acrobática.

Mas havia uma parte no DVD que me despertou a atenção: aquela parte onde estamos todos juntos no palco. Eu apareço lá juntamente com toda a gente. Nem de propósito: para banda sonora daquela parte escolheram a música “Absolutely Everybody”.

Depois havia ainda uma parte de apanhados de pessoas em situações curiosas. Eu não tenho a certeza, mas parece que me apanharam a mim no dia da cerimónia de abertura a esfregar os olhos húmidos. A imagem passou muito rápido e nem deu para ver se era eu ou não. Se era realmente eu, foi para eu aprender que não se vai para ali fazer uma figura digna de um enterro.

Nem dei pelo tempo a passar. Enquanto o filme não chegou ao fim não me vim embora. Estava divertida com o que estava a ver. Sentia-me bem. Sorria pelo facto de, provavelmente, me terem apanhado naquele dia. Foi nesse estado de espírito que fui para casa. A noite estava amena e calma. Ainda me vinha a rir no caminho para casa.

Perdi o sono com aquele DVD. Os resumos do Mundial foram todos vistos até ao fim. Parece que o Brasil venceu o Japão com uma bela exibição de Ronaldo- o tal que dizem que está gordo, pesado, fora de forma...

Como não tinha sono ainda fui ouvir um pouco de música antes de me deitar.

Situação do dia:
Josip Simunic entrou para a história dos mundiais de futebol ao ser o jogador que mais cartões viu num só jogo. Foram nada mais, nada menos que quatro cartões (três amarelos (?!!!!!) e um vermelho). O árbitro que apitou o jogo entre a Croácia e a Austrália também entrou para o livro dos recordes ao mostrar tanto cartão ao mesmo jogador sem o expulsar e ao acumular um sem fim de asneiras que fizeram com que os croatas não seguissem em frente. Para o anedotário.

Bacorada do dia:
“Qual é o feminino de papel?” (não é o feminino, é o fêmeo.)

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