Sunday, August 20, 2006

Sempre a correr

Eu bem ouvi o relógio a despertar, mas a preguiça era muita. Apressei-me a desligá-lo e virei-me para o outro lado.

Acordei algumas horas depois e entrei em pânico ao ver que já estava atrasada. Tudo foi feito á pressa. Até fiquei sem tomar o pequeno-almoço- coisa que quase nunca acontece.

Saí de casa numa corrida desenfreada até ao Pavilhão. O dia estava cinzento e fresco. Tentava ir o mais depressa possível. Não iria chegar a tempo de apanhar o autocarro que levaria algumas delegações ao aeroporto.

As imediações do Pavilhão estavam desertas. Nem um carro passava na estrada naquela manhã de domingo. No interior parecia não estar ninguém. Da minha colega nem sinal. Se calhar já tinham ido embora. Cheguei atrasada mais de dez minutos.

Pareceu-me ouvir vozes. Eram os seguranças. Perguntei-lhes se tinham visto alguém e eles responderam negativamente. Foi nesse momento que chegou a minha colega. Suspirei de alívio! Afinal não estaria tão atrasada como julgava estar. No dia seguinte isso iria ser cómico. Na altura não sabia que tinha o relógio adiantado mais de vinte minutos. Não sei como fiz aquilo.

Preocupada com as horas a que as pessoas deviam chegar ao aeroporto, a minha colega ligou para o responsável dos transportes que se encarregou de verificar o que se estava a passar com o autocarro que não aparecia. Afinal as pessoas já tinham ido sem passar pelo Pavilhão para apanhar as voluntárias. Ficámos chateadas.

Na sala dos convidados ainda restavam alguns petiscos para comer. Como não tínhamos tomado o pequeno-almoço, aproveitámos aquelas coisas que se podiam estragar e devorámo-las antes de irmos para casa descansar um pouco mais.

Disseram que iria noutro autocarro que levaria os ingleses e os polacos ao Porto. Depois de mais umas horas de sono fui almoçar à cantina. Tinha de me despachar. O autocarro já estava pronto para partir.

Quando saí, ouvi o barulho de um motor. Olhei e vi que o autocarro já ia a arrancar. Foi aí que apliquei a minha corrida rápida e encetei uma perseguição desenfreada ao autocarro. Houve gente que assobiou. Isso fez-me pensar que certa pessoa ainda por ali andava, mas não havia tempo para olhar para trás.

Finalmente o autocarro parou e eu segui para o Porto. Pelo caninho ainda estivemos à espera de um senhor inglês que parece que adormeceu no quarto. Se a noite foi longa para toda a gente, para os ingleses foi muito mais.

Ouvi dizer que os ingleses eram barulhentos e irrequietos. Ali eles iam sossegados demais. Uma senhora já de idade falava connosco. O resto dormia. Estavam de tal maneira que a certa altura ouvimos um estrondo. Tinha sido um que caiu do banco do autocarro onde estava a dormir.

Chegámos ao Porto e foi altura das despedidas. Rapidamente seguimos de volta para Coimbra. Naquele dia já não havia nada para fazer. Ia para casa descansar e ver o jogo do Brasil com a Austrália. Mais uma vez, pensei que ia atrasadíssima.

É incrível como o Ronaldo se transformou num jogador completamente diferente. Apesar de ainda marcar alguns golos, tornou-se um jogador imóvel e pesado. Ele que era um jogador que punha a cabeça em água aos adversários. Lembro-me que quando ele jogava no Barcelona fazia jogadas inacreditáveis que acabavam em golo. Num jogo contra uma equipa que vestia camisola azul-celeste (Celta de Vigo ou Compostela) o “Fenómeno” como lhe chamavam fintou à vontade todos os jogadores dessa equipa. Foi uma delícia! Eu estava a ver esse jogo e nunca vi nada assim. Aqueles jogadores ficaram desorientados. Tão espantados como as pessoas que assistiram a essa verdadeira obra-prima do futebol. Hoje pedir a Ronaldo para voltar a fazer uma coisa dessas será pedir o impossível. Parece que esse Ronaldo acabou- para grande tristeza de quem o admirava como eu.

Situação do dia:
Quando os ingleses saíram fomos verificar se havia alguma coisa no autocarro. Achou-se uma caneta. Eu resolvi ficar com ela julgando ser uma recordação dos ingleses. Qual não foi o meu espanto quando li o que dizia a caneta e verifiquei que era de...uma agência funerária de Coimbra. Mesmo assim fiquei com ela.

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