Monday, May 25, 2015

Fugir para ser livre



Sonhei que se vivia um clima muito hostil. De repente tínhamos voltado aos tempos do Estado Novo, da PIDE e dessas coisas que nos limitam até a forma como pensamos.

Não podíamos conversar, não podíamos expressar as nossas opiniões livremente e também não podíamos ler certo tipo de livros. Portugal mergulhava num clima de terror e de medo. Tínhamos voltado a um tempo que eu não vivi mas que ouço contar que era terrível. Por qualquer coisa, levavam as pessoas presas e torturavam-nas. Normalmente era por expressarem a sua opinião ou por pensarem simplesmente. Quem não pensava naquela altura andava pela rua feliz da vida, que nada lhes acontecia. Os outros, os que liam, os que tinham criatividade para escrever, pintar, criar melodias, eram perseguidos e presos.

Era esse tempo que vivíamos no meu sonho. Neste caso, era perseguida pelos meus gostos literários. Consideravam-nos mais de vanguarda, de esquerda. Para não ser apanhada, peguei num punhado de livros e meti pés ao caminho, juntamente com um grupo de camaradas, e fomos por ali fora sem rumo.

Apanhámos um comboio para um lugar qualquer. Para bem longe. Onde pudéssemos ler à vontade e pensar ainda com mais clareza. Levava um livro que estava ainda em Inglês e que estava a tentar traduzir. Tratava-se de um livro proibido aqui pelo Regime. Uma obra filosófica de mais para aqueles senhores.

Acordei a pensar nisto. A que propósito vem isto agora?

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