Wednesday, May 02, 2012

“A Sangue Frio” (impressões pessoais)


Chega ao fim a leitura de uma obra um tanto ou quanto diferente das demais que costumo ler. Este romance de Truman Capote tem a particularidade de não ter sido fruto da imaginação do autor.

O facto de esta história ter acontecido na realidade impressiona os leitores. Pegar num caso real e transcrevê-lo para um livro tal como fez este escritor norte-americano por vezes dá uma boa história. Não é necessário puxar pela imaginação e criar personagens e factos.

Por sabermos que isto tudo aconteceu, a brutalidade dos factos afecta-nos ainda mais do que se estivermos a ler uma obra convencional que é fruto da imaginação do autor. Também gosto de escrever, por vezes escrevo contos de terror mas, se acaso estivesse a narrar algo passado com um amigo, com um familiar ou com um vizinho seria muito diferente.

Neste caso, Capote teve conhecimento de um crime brutal numa localidade onde nada se passava e resolveu investigar pelos seus próprios meios, servindo-se talvez da sua formação jornalística e de fontes que tivesse dentro dos serviços policiais. Assim nasceu esta história das mortes brutais de quatro pessoas que existiram realmente e que foram perpetradas por dois criminosos que foram realmente condenados à forca.

A discussão sobre a aplicação ou não da pena capital também é o ponto forte desta obra. Ainda hoje, volvidos mais de cinquenta anos sobre estes acontecimentos, as opiniões dividem-se. Eu sou contra a pena de morte. Achei hediondo o crime mas a prisão perpétua para estes dois criminosos seria um castigo aceitável, especialmente para um deles que prezava muito a liberdade. Ver-se privado dela seria o mais penoso dos castigos.

Gostei imenso d ler esta obra, especialmente pelo seu carácter singular. Há uns anos, aquando do crime que vitimou seis portugueses no Brasil, ao ver uma reportagem sobre o assunto, comecei a imaginar alguém pegar naquilo e escrever um livro. É sempre uma boa ideia pegar em casos reais de Polícia e escrever sobre eles. Nada ficam estas obras a dever à ficção pura. Antes pelo contrário.

É à ficção pura que vamos voltar e em Português. “O Sétimo Selo” de José Rodrigueis dos Santos vai ser a próxima obra que irei ler. Promete ser interessante.


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