Friday, May 18, 2012

Aventuras e peripécias

Por onde começar a narrar estas aventuras oníricas de uma noite quente?

Bem, lembro-me de um episódio só mesmo possível em sonhos. Alguém tinha chutado uma bola já muito velha, com o castanho do couro à mostra. A bola veio ter comigo e eu, naturalmente, queria chutá-la para a devolver à procedência. O raio da bola tinha sempre de bater em alguma coisa e vir de novo ter comigo. Por mais força que eu lhe impelisse, acabava sempre por regressar. E não saía dali. Foi um bom bocado nisto.

O ponto alto do sonho foi a parte que se segue, apesar de muito confusa como se quer num sonho. Afinal para onde ia? Ia de autocarro, de comboio ou de carro?

No meio de uma linha (imagine-se) apanhei um comboio sem vidros nas janelas que abarrotava de gente. Diziam que, durante a época de Verão, aqueles comboios transportavam as pessoas até à Figueira da Foz para frequentarem a praia.

A certa altura, as pessoas saíram todas mas eu fiquei. Fui ficando até ao fim. O pior era se me vinham pedir bilhete. Não tinha. Em vez de ir discretamente no banco de trás, ainda passei mais para a frente. Reparei que estava a anoitecer e que íamos na estrada e não na linha. Homens com colete reflector faziam obras na estrada ou estavam a resolver um acidente que tinha havido algures.

Apesar de estar a anoitecer, reconheci que estava na zona da Rodoviária de Coimbra, apesar de o revisor e o condutor estarem a falar em locais mais próximos de Lisboa como Cascais e outros de que não recordo o nome.

Depois não sei o que aconteceu. Dei por mim novamente numa linha de comboio deserta no meio da vegetação acompanhada pelos mesmos dois homens que conduziam o autocarro…ou era um comboio que também andava na estrada?

Passavam por nós alguns comboios daqueles que me irritam profundamente mas os seus vagões agora eram de um verde muito agradável. Alguns também eram laranja. Umas cores muito agradáveis, sem dúvida.
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Já era praticamente noite e nós parados no meio da linha a observar os comboios. Eu queria viver a aventura de viajar num dos comboios de mercadorias de que tenho tanto medo na vida real. Enquanto esperava por um, ia deliciando a parca assistência com os meus dotes vocais. E não é que cantava bem. Pelo menos achavam que sim. Não me recordo da primeira canção que tentei cantar mas existe na realidade. Quanto á segunda, não tenho dúvidas quanto à sua existência, apesar de há muitos anos não a cantar. Eu sabia-a e uma tarde até a tentei tocar no piano da ACAPO. Ainda consegui alguns acordes. A canção que eu cantava neste sonho era “Neste Poema”- música do álbum de estreia da Rebeca.

O despertador tocou comigo ainda a cantar até que a voz já me estava a falhar. Nada melhor que o despertador para pôr cobro à cantoria. Eu até já nem sabia a letra, desconhecia que havia outra parte (na realidade não há).

Acordei com a garganta irritada. Será possível que tenha mesmo cantado a dormir? Já não é a primeira vez que tenho essa sensação.

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