Wednesday, August 29, 2012

Kai Reus no Sabugal


Agora, como estou a trabalhar, é-me difícil seguir a Volta a Portugal com mais atenção mas não pude deixar de sentir enorme felicidade ao tomar conhecimento de quem venceu esta sétima etapa que terminou numa localidade que me diz muito- o Sabugal. Foi aí que a 25 de Abril de 1997 iniciei a minha carreira no Atletismo e ter sido também um ciclista que conheço a vencer ali foi especial.

Notei que alguns jornalistas não conheciam este ciclista ou então têm a memória curta porque rapidamente as pessoas caem no esquecimento colectivo, por mais rico que seja o seu passado em matéria de sucessos.

Avivando a memória dos que já se esqueceram e informando os que não conhecem mesmo o kai Reus, devo dizer que ele foi uma das grandes esperanças da Rabobank, ganhou tudo o que havia para ganhar enquanto ciclista jovem e estava na primeira linha para renovar as fileiras da equipa quando se aproximava a retirada das suas maiores referências. Mas a 12 de Julho de 2007 a Rabobank perdeu o seu puto-maravilha devido a uma grave queda que colocou mesmo em perigo a sua vida.

Eu estava na Holanda quando soube da notícia. Nem quis acreditar. Ao longo desses dias, tentei saber mais acerca do seu estado e perguntava a amigos que o conheciam. Olhei vezes sem conta para uma foto que tirei na Figueira da Foz com os ciclistas da equipa continental da Rabobank que ali estavam na altura. Ele também lá estava e lembro-me que foi o primeiro a vir ter comigo porque ele estava no hall à espera dos outros e o recepcionista disse-lhe que eu andava à procura de alguém da Rabobank. Essa memória esteve bem presente nessa noite.

Também me lembrava de uma manhã em que o Senhor Rogério Teixeira me ligou depois da Volta ao Algarve de 2005 a contar as incidências da competição. Eu tinha sido operada há pouco tempo e tinha ido a Lisboa num Sábado ter com os meus antigos colegas do Atletismo. Não acompanhei essa etapa da Volta ao Algarve mas consta que grande parte do pelotão havia sido desclassificada por ter chegado fora de horas.

Na segunda-feira de manhã, depois de terminada a Vota ao Algarve, o Senhor Rogério Teixeira disse-me que a Rabobank Continental tinha acabado a prova apenas com um ciclista. Eu ri-me porque logo imaginei como seriam os preparativos para uma etapa em que uma equipa tivesse só um elemento. Quantos carros levaria, qual seria a táctica, quantas pessoas iriam para a estrada apenas por causa de um atleta…eu sempre pensei que as equipas com menos de três elementos eram excluídas mas devia estar a fazer confusão com aquilo que é a classificação geral colectiva. É a mesma coisa que vigora na maratona no Atletismo. Para fazer uma equipa bastam três mas pode perfeitamente uma equipa de nove ficar reduzida a um . Simplesmente essa equipa deixa de figurar na classificação colectiva. Nesse dia eu não pensei nisso. Apenas perguntei ao Senhor Rogério Teixeira quem tinha sido o resistente. Ele disse-me que tinha sido o Kai Reus. Não foi surpresa nenhuma. Era o craque daquele conjunto de nove ciclistas e era também um dos mais novos.

Lembrei-me dessa história da Volta ao Algarve vezes sem conta nessa noite em Utrecht.estava terrivelmente triste e revoltada por ter acontecido um acidente como aquele.

O kai Reus enfrentou um longo período de recuperação. A Rabobank soube esperar. Regressou ao fim de um tempo mas naturalmente que um acidente grave como aquele deixa marcas que o tempo demora a apagar.. Se não tivesse acontecido o acidente, este ciclista não estaria na Volta a Portugal. Talvez tivesse ido ao Tour de France e seria, com toda a certeza, um dos melhores da Rabobank que teve de recorrer ao melhor ciclista da fornada da equipa continental a seguir à do kai Reus para o substituir.

Em 2010, devido a problemas de saúde, Kai Reus abandonou o Ciclismo de alta competição para em 2011 refazer a sua carreira desde início em equipas amadoras e assim chega ele aqui à Volta a Portugal, ao Sabugal para vencer.

Sei que ele não lerá este post mas ficam os meus desejos de sinceros parabéns e todo o reconhecimento pela imensa luta que tem travado de há cinco anos a esta parte. Que a sorte lhe volte a sorrir de novo, e que o Sabugal seja o que já foi para mim- o ponto de partida para o sucesso.






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