Sunday, July 31, 2011

Temporal medonho e repentino



Tal como tem vindo a acontecer nestas últimas noites, também esta foi uma noite muito mal dormida. Falta um dia para regressar a casa e já ando completamente exausta. A causa para tais insónias prende-se com o facto de haver outra pessoa a dormir comigo no mesmo quarto. Não estou habituada a dividir o quarto seja com quem for e a simples presença de outra pessoa, bem como os seus movimentos me perturbam.

Sonhei então que tinha chegado a casa vinda das férias. Para essa noite, a Protecção Civil alertava para um fenómeno bem estranho. Era um temporal com apenas alguns minutos de duração mas que deveria ser levado a sério, pois poderia causar um elevado grau de destruição.

Apesar de não haver oscilação temporal entre o sonho e a realidade (o sonho passa-se na mesma época do ano em que estamos) a lareira da sala em minha casa estava acesa. Lá fora o vento soprava de forma medonha e já começavam a fazer-se sentir cortes de electricidade. A chuva também começava a cair com cada vez maior intensidade. Parecia uma qualquer tempestade tropical.

Uma esplêndida noite de luar de Verão tinha ficado de um momento para o outro, uma noite de profundas e medonhas trevas.

Tal como surgiu, também foi de forma repentina que o temporal desapareceu e, por incrível que pareça, o Céu ficou sem uma única nuvem e a Lua iluminou novamente a sala que ainda continuava sem energia eléctrica.

A luz de uma Lua radiante chegava através do vidro martelado da porta da sala. Aproximei-me para ver aquela Lua e foi aí que ouvi do lado de fora o miar aflitivo e estridente da gata Feijoa.

Corri a abrir-lhe a porta. Como a chuva havia sido imensa, era natural a gata ter sido apanhada de surpresa e estar agora toda encharcada.

Mal abri a porta, reparei então numa luz intermitente que também iluminava a sala. Era uma ambulância que estava estacionada à minha porta com os semáforos ligados. O que fazia ali? Ninguém lá de casa a havia chamado e ignorava que ela ali estivesse. Aquilo era um engano.

Ignorando a presença do veículo de emergência, corri atrás da gata Feijoa que teimou em me fugir pela estrada fora. Nem indícios havia de um temporal recente. Tudo estava calmo agora.

P.S.: Dias mais tarde, ouvi o vago ronco de uma ambulância do INEM a passar na estrada mas pensei que ela não ia parar nas imediações. A minha madrinha foi estacionar a sua viatura e veio para baixo a correr e a avisar que estava ali uma ambulância. Ninguém se tinha apercebido. Ela havia sido chamada- para não variar- para transportar mais uma vez o meu vizinho para o hospital depois da queda número 214521563214568 da sua vida de bom apreciador do bom vinho tinto que se faz por aqui.

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