Tuesday, July 26, 2011

Morte prematura

Nesse dia ia eu no carro de um amigo meu que me deu boleia e ouvi a notícia do estado grave em que Angélico se encontrava após o acidente de viação que sofrera. Lembrei-me de outro jovem que, devido a causas naturais, se encontrava há já algumas semanas nas mesmas circunstâncias.

Estava eu longe de imaginar que esse amigo já havia falecido também. Quando cheguei ao trabalho, logo me puseram ao corrente da trágica notícia da sua morte.

Lembrei-me que, na quinta ou na sexta-feira, estava a trabalhar e dava para sentir um clima esquisito. Era como estivesse para acontecer uma morte. Isso é normal acontecer-me mas naquele dia estava a ser demais. Era como se algo estivesse a abandonar aquela sala, como se algo ali estivesse a desaparecer melancolicamente. Lembrei-me das condições em que esse jovem se encontrava e logo associei que aquele clima de melancolia que me assolou de repente e sem aviso tinha a ver com a morte iminente dele. Não me enganei.

É incrível como as pessoas boas estão tão pouco tempo entre nós! Lembro-me do esforço que ele fez para me ajudar a progredir na carreira e do apoio que sempre me deu até eu chegar onde estou neste momento. Ele sempre me deu força para eu não baixar os braços e sempre me incentivou a continuar quando eu já estava saturada e a ponto de desistir.

Quem diria que, quando aquele jovem que era ainda mais novo do que eu me foi apresentado um dia, iria ter conhecimento da sua morte prematura.

Recordava momentos em que me encontrei com ele, especialmente a última vez em que eu o vi. Quem diria que aquela era a última vez! Nada ali fazia prever que algo daquele género ira acontecer.

Sentada numa cadeira e com um envelope na mão, aguardava ordem para voltar ao meu local de trabalho depois de uma avaria em qualquer coisa lá em cima. Era uma sexta-feira e sentia-me impaciente com aquela situação inesperada que me ira atrasar as minhas tarefas. Ele apareceu e estivemos a conversar sobre as férias que deveria tirar na primeira semana de Julho. Recordo que ele envergava umas calças cinzentas e uma camisa lilás e tratava dos afazeres da loja desdobrando-se em inúmeros contactos por telemóvel. Foi esta a última imagem com que fiquei dele.

Resta o agradecimento por tudo o que fez por mim e, se o Céu realmente existir, que seja guardado um lugar para ele.

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