Wednesday, March 17, 2010

O alarme

Se eu não gosto nem por nada de ouvir ambulâncias a passar e outros barulhos enquanto durmo, pode-se dizer que logo fui viver para o pior sítio da cidade que pode haver. Passam ambulâncias com os alarmes ligados, carros da polícia também a fazer imenso barulho com as sereias e autocarros que chiam à sua passagem.

Pela primeira vez desde que trabalho, hoje tinha de entrar ás sete da manhã e coloquei o telemóvel a despertar para as cinco. De referir que o telemóvel tinha o brinquedo novo da aplicação que me permite saber os horários dos autocarros amarelos da cidade. Esteve todo o dia ligado e de madrugada resolveu pedir de comer. Com medo que ele não despertasse, lá tive eu de me levantar para o pôr a carregar.

Desde que trabalho, passo as noites com medo que seja tarde para me levantar. Que por qualquer motivo o despertador não tocou ou que não o ouvi. Quando acordo tenho a mania de ver as horas. Acreditem, sou capaz de ver as horas aí umas dez vezes por noite sem exagero. Sou mesmo obcecada em chegar a horas ao trabalho e ai de mim se chego um minuto que seja atrasada.

Para além do stress de acordar cedo, outros condicionalismos me impediram de ter uma noite calma. Primeiro sonhei com alguém que tinha morto o namorado que por acaso era holandês. Desconfiava-se do crime mas não se tinha a certeza. Estive algum tempo a sonhar com isso até que aquele alarme que mais parecia uma ambulância resolveu tocar e me infernizar a vida.

Da primeira vez que aquilo começou a fazer barulho, fazia-me uma confusão enorme na cabeça que fervilhava. Tinha a sensação de estar acordada mas não estava. No meu sonho aquele alarme era uma ambulância que insistia em me incomodar com os semáforos ligados por mais que eu fechasse os olhos, enfiasse a cabeça debaixo dos cobertores ou cerrasse os estores da janela. Por mais que tapasse os ouvidos, o barulho até aumentava em vez de diminuir. Acordei. Ouvi que era um alarme, consultei o relógio, constatei que ainda era cedo e voltei a adormecer.

A porcaria do alarme deve ter voltado a tocar. Então tive um sonho um tanto semelhante a um mítico sonho que aqui descrevi. (ver texto “Foi horrível”). Sonhei que lá em baixo na rua tinha havido uma grande catástrofe. As ambulâncias não paravam de chegar para socorrer as vítimas e havia muito barulho de outros veículos que se concentravam. Eu assistia pela janela.

Afinal já tinha sido um atentado que provocou uma explosão. Em que ficamos? Ficamos que nada disso aconteceu. Quando eu acordei e consultei novamente o relógio o alarme estava a preparar-se para parar de tocar mas não tardaria a voltar à carga.

Quando voltei a adormecer e o alarme voltou a fazer das suas, sonhei que o barulho do alarme (desta vez era mesmo o alarme no sonho) era tão insuportável que todo o meu prédio se levantou e foi reclamar para a rua. Não sei se alguém se levantou mesmo. Aquilo estava a ser de mais e assim continuou.

De referi que passei de autocarro para o trabalho e o alarme continuava a tocar. Já não o podia ouvir. Ainda bem que ia para longe!

Só espero ter uma noite mais tranquila, se possível sem alarmes a perturbarem o descanso de quem trabalha arduamente como eu.

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