Friday, March 19, 2010

Andamos a criar selvagens

Ultimamente têm merecido destaque as notícias sobre casos de violência nas escolas de Norte a Sul do País.

A violência e coacção de vária ordem entre alunos tem merecido destaque, principalmente depois do suicídio de uma criança em Mirandela, alegadamente por os maus tratos a que era sujeito por parte dos colegas serem tais que o jovem não aguentou a pressão.

A violências nas salas de aula atingiu um tal estado que hoje em dia ser professor é uma tarefa árdua. Qualquer dia nem os educadores de infância estão imunes a reacções desajustadas dos seus pequenos alunos.

A última notícia chega de Gondomar e tem como protagonista uma menina de dez anos. Dez anos que esta selvagemzinha tem. Segundo consta, a professora terá chamado a menina á atenção por esta estar a riscar a mesa. Como ela continuou, a professora tirou-lhe a caneta. Provavelmente habituada a não dar satisfações a ninguém, a criaturazinha atirou-se à docente qual fera enraivecida saída de uma qualquer jaula do Jardim Zoológico. Das agressões constam pontapés, mordidelas e arranhadelas, bem ao estilo de uma iguana ou qualquer outro animal do género.

Mas afinal onde é que isto vai parar? De há alguns anos a esta parte passou a ser proibido os professores baterem ou castigarem os alunos. Os pais que batam nos filhos em casa já têm a Segurança Social, meia dúzia de psicólogos e assistentes sociais à porta de casa a avaliar se são ou não competentes de cuidar dos filhos e são ameaçados com a retirada das crianças do seio familiar para instituições. Se acaso algum professor mais antigo levanta uma mão que seja a um aluno que se esteja a portar mal, logo tem o encarregado de educação a fazer-lhe uma espera à porta da escola com ameaças, se não for com uma caçadeira ou algo do género.

Os senhores psicólogos acham que assim é que está bem e o Governo também. Castigar as crianças só com a privação de fazerem o que gostam e nada de bofetadas, mesmo que estas não assumam as dimensões de tareias monumentais como via as minhas vizinhas apanhar até irem parar ao hospital. Agora nem levantar a mão se pode ao menino porque ele fica traumatizado, não rende na escola, pode entrar em depressão e tudo o mais que se possa imaginar. O resultado é uma tremenda falta de respeito para com os outros e a sensação de impunidade, de que se pode e deve fazer tudo o que se quer.

As crianças de hoje, com três ou quatro anos de idade, já pensam que mandam. Andamos pela rua, pelos supermercados, por restaurantes ou cafés e vemos miúdos birrentos , se possível a espernear no chão porque os pais não lhe querem comprar o que eles querem, porque o pai escolheu peixe assado no forno e o menino queira bife com batatas fritas ou porque simplesmente viu passar na rua um miúdo com um determinado brinquedo e a criaturinha quer, por artes de magia, que apareça um igual aqui e agora.

Chegam aos dez anos e já mordem e arranham na professora só porque ela disse:
- “Não se risca a mesa!”

A partir dos doze, senão antes, esperam ansiosamente pelo intervalo ou pela hora da saída para brindar aquele miúdo com quem todos gozam com socos, pontapés e ameaças.

Aos quinze são capazes de estar a jogar computador ou a brincar com o telemóvel na sala de aula. Quando a professora lhes tira o “brinquedo” partem como touros enraivecidos para cima dela, murmurando ameaças de que vão dizer ao paizinho e que ele amanhã vem á escola fazer a folha á professora que nada pode fazer para impedir que a molestem.

Estes alunos saem das escolas. Não têm aproveitamento satisfatório nem habilitações para integrar o mercado de trabalho, são viciados em tudo e mais alguma coisa, pensam que não há limites para nada e tornam-se cidadãos violentos, delinquentes, pessoas para quem provavelmente a vida do outro não vale nada. Assim a criminalidade vai aumentando e os cidadão de amanhã andarão sempre desconfiados uns dos outros.

Bela educação temos hoje instituída! Passámos de uma escola em que se castigava por tudo e por nada para uma escola altamente permissiva, sem regras e onde o desrespeito por aspectos fundamenteis da dignidade humana é regra.

Para onde caminha Portugal com estes futuros cidadãos? Para o abismo, provavelmente.

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