Mais um livro de crónicas e artigos de opinião de José Saramago.
Este conjunto de artigos é fruto da colaboração com o “Diário De Lisboa”. Estes textos situam-se entre 1972 e 1974. Estávamos no último estertor do Estado Novo.
Ao ler estes textos, dou conta de um Portugal diferente. Mas será tão diferente assim? O flagelo do frio nas salas de aulas ainda hoje perdura. A pobreza energética é um flagelo em casa de muitos portugueses e as escolas muitas vezes não possuem aquecimento adequado.
Já nessa altura havia grande preocupação com os incêndios florestais. Não havia as políticas que há hoje e muito menos havia o SIRESP. Muitas vezes o fogo era apagado pelos populares chamados pelo repique dos sinos. A minha avó também contava histórias de fogos passados perto de nossa casa.
O que mais me chocou, embora não fosse novidade nenhuma nesses tempos, foi o facto de não haver nenhuma mulher presidente de autarquia. Velhos tempos! Isso viria tudo a mudar.
Também fiquei atónita por haver o hábito de os retalhistas não disponibilizarem alimentos para haver escassez e subirem os preços. Só agora dou conta do significado de uma música de Carlos Ramos que deve ser dessa altura em que ele dá porrada ao merceeiro e ele logo traz o que ele pede. Não estava a perceber até ler estes escritos do nosso Prémio Nobel da Literatura.
Nessa altura também era normal faltar a água. Excetuando situações pontuais de obras ou algo assim, não recordo de ouvir falar em falta de água canalizada em casa dos portugueses. No outro dia os meus pais estiveram sem água em casa mas foi por causa de obras.
Coisas muito estranhas aconteciam antes do 25 de abril. Ao seu estilo, Saramago ia comentando.
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