Saturday, July 27, 2024

Mana” (impressões pessoais)

 

Quem tem irmãos mais novos? Eu tenho mas a diferença entre nós nem chega a ser de dois anos, logo eu não  vivi muito o que se passa neste pequeno livro.

 

Este livro da autoria de Joana Estrela foi premiado pela Câmara Municipal de Serpa como tendo a melhor ilustração. Segundo descrevem, tem autocolantes e pedaços de textos e ilustrações, sob o aviso de que uma irmã mais nova passou por aqui.

 

Quando a diferença entre irmãos é muita, é normal que os irmãos mais novos bulam com as coisas dos mais velhos. Chega um tempo em que o irmão ou a irmã mais velha é adolescente e o mais novo ou mais nova uma criança completa. É o que se passa neste caso.

 

Como eu disse acima, eu e a minha irmã temos a mesma idade praticamente e não cheguei a passar por situações destas. Mesmo assim, havia algumas brincadeiras mas era eu a mais arisca. Estaria aqui o dia inteiro a enumerar  peripécias, nomeadamente no campo e nos pinhais.

 

Fica aqui uma das que mais me consigo lembrar:

 

Nós fomos muito criadas ao ar livre e muitas vezes acompanhávamos o trabalho no campo ou nos pinhais. Levávamos as nossas coisas e brincávamos sozinhas ou com alguma outra criança que uma ou outra pessoa que trabalhava no campo com os meus pais levava. Antigamente era assim.

 

Numa ocasião estávamos num pinhal a caminho de vila Nova De Monsarros bem á beira da estrada. Isto vai ser muito importante para o desfecho desta história.

 

Tínhamos uns bonecos de plástico- eu tinha um e a minha irmã tinha outro. Já aqui contei por mais do que uma vez como é que eu brincava com bonecos, de uma forma que não tinha a ver com a forma como a minha irmã  brincava com os mesmos bonecos.

 

Nos pinhais eu gostava de os atirar longe, fazendo competição. O que eu tivesse atirado  mais longe ganhava. Eles tinham naturalmente tamanhos e pesos diferentes. Gostava de os atirar preferencialmente por cima das árvores. Se houvesse algo com água, muito melhor.

 

Nessa altura tinha chovido e o pinhal encontrava-se completamente enlameado. Era uma lama escura, lembro-me bem. Se os bonecos já estavam sujos de lama, então eu ainda lhe passei mais lama antes de o atirar. Ficou camuflado com o terreno e era quase noite e o boneco sem aparecer. A minha irmã chorava baba e ranho.

 

A Senhora Justina, que eu tive como uma segunda avó, já que eu não tive praticamente contacto com a minha avó paterna, correu pacientemente o pinhal sem encontrar o boneco.

 

Nessa noite choveu. Algumas pessoas passaram a pé para vila Nova e, olhando para o pinhal, viram o boneco. Estava então perto da estrada. Sabendo que era nosso, foram lá a casa entregar. Escusado será dizer que a minha irmã ficou toda contente.

 

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