Saturday, July 13, 2024

“Educação Não Violenta” (impressões pessoais)

 

Elisama Santos traz-nos aqui um livro de autoajuda dirigido aos pais para estimular a autodisciplina, a autoestima ou a resiliência, não só nas crianças, como nos pais.

 

Não tenho filhos nem teria vocação para os ter. Sou daquelas pessoas cuja voz aguda e insuportável de crianças a passar na rua me causa até transtorno. São barulhos que se entranham como facas no interior do meu cérebro causando desagradáveis vibrações. Por vezes penso: será que os mais novos não sabem falar normalmente sem gritar.

 

Vivemos num mundo agitado e competitivo em que nem uma pequena fatia de tempo precioso se pode perder. Este mundo dá a escolher entre ter filhos e se comprometer com uma carreira profissional competitiva. As duas coisas geralmente dão mau resultado. Quando eu trabalhava sempre dizia: ainda bem que não tenho família! Chegaria a casa e eles iam pagar por um dia stressante no trabalho.

 

Mas isso sou eu que aprecio o silêncio e a melhor companhia que se pode ter- a de um bom livro. Mesmo que por vezes leia algo que não tem muito a ver com a minha realidade.

 

Sou do tempo em que ainda se apanhava na  escola. Sou um caso aparte porque apanhei demais. Os traumas que  carrego não são tanto por ter apanhado na escola mas pelos motivos despropositados por que apanhei. Devo dizer que nos primeiros anos de vida escolar, apanhava apenas e só por ser diferente e ali estar. Essa é a dura realidade.

 

Em casa nunca me lembro de ter apanhado a chamada surra de caixão á cova. Via os meus vizinhos com cabeças partidas e nódoas negras e pensava na surte que tinha em não ter um pai tão violento como o  deles.

 

Hoje já tenho assistido ao inverso: filhos muito pequenos que batem nos pais sem que estes lhes levantem sequer a voz. Acham isso bonito? Eu não…Acho que hoje se dá rédea solta demais aos mais novos e estamos a formar pessoas sem valores, impacientes, stressadas, incapazes de lidar com a adversidade ou com a frustração. Pessoas completamente descabidas de criatividade e imaginação. Adultos pouco autónomos e pouco responsáveis.

 

Será mesmo este o  caminho?

 

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