Já há muito que não lia um livro de José Saramago. Eis quando me surge este livro de contos. Sabem como eu aprecio livros de contos.
Neste livro, José Saramago tem a particularidade de narrar histórias cujo Ser humano é tomado refém das coisas. Começa logo pelo primeiro conto que narra de forma pormenorizada a queda da cadeira de Salazar que lhe viria a provocar a morte. Em suma, foi esta peça de mobiliário que lhe tirou a vida, não um inimigo seu ou um opositor político.
Prossegue com a história de um indivíduo que se torna refém das vontades do seu carro que inclusive o mantém preso no seu interior.
Depois surge uma outra história em que se pode dizer que os vivos são reféns dos mortos. Na tentativa de levar a Morte para outro lugar, o rei acaba por se ver numa situação difícil.
Depois existe um conto em que as coisas se voltam mesmo declaradamente contra os Humanos. Hoje em dia, que seria das nossas vidas sem os objetos quotidianos? E se estes passassem a funcionar de forma descontrolada ou pura e simplesmente desaparecessem sem mais nem menos? O que seria de nós se de repente nos víssemos despojados dos bens materiais que possuímos, muitos ou poucos. Como um simples jarro faz tanta falta? Como a ausência de dois ou três degraus na escada de um prédio se tornam um transtorno. Como um relógio parado pode causar tantos problemas…
A juntar a estas incríveis histórias, junte-se uma pitada da escrita inigualável de José Saramago e temos um livro bastante aprazível.
Uma ótima leitura, quem sabe já a pensar no fim de semana.
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