Monday, July 05, 2021

Do outro lado da berma

 

De regresso a casa, regressa também o meu subconsciente a me brindar com aqueles sonhos recorrentes que já há muito não povoavam o meu espírito e, diga-se de passagem, nem faziam falta nenhuma.

 

Eu e um monte de gente povoávamos a berma da estrada. Tudo conversava ali em amena cavaqueira num final de tarde aprazível.

 

De repente, olhei para o outro lado da estrada e vi qualquer coisa escura a mover-se convulsivamente. Fiquei petrificada. Parecia-me a Adie.

 

Desviei o olhar. Podia ter sido atropelada ou podia estar simplesmente a correr atrás de alguma coisa. Indiferentes, as pessoas iam conversando.

 

Eu fiquei tranquila porque, quase sem ver, distingui que ali havia alguma coisa, enquanto que os outros, ou estavam muito entretidos com a conversa, ou eram ainda mais cegos que eu.

 

O meu pai olhou precisamente para esse lugar da estrada. Continuou a conversar como se nada fosse. Aparentemente ali não havia nada de alarmante. Provavelmente a Adie até ali esteve mas terá fugido. Resta saber em que condições. Por vezes, depois de serem atropelados, os gatos afastam-se.

 

Fazia estas conjeturas quando acordei. Agora só restam mesmo estes sonhos com a Adie. Se forem ver ao meu arquivo sonhos semelhantes, os protagonistas foram mudando.

 

Um regresso que não se saúda, o destes sonhos.

 

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