Wednesday, January 28, 2015

Subindo até ao décimo sexto andar

Esta já é a enésima versão de um sonho recorrente que teima em me perseguir desde que existo e me lembro do que sonho. Trata-se de subir ou descer escadas e outros locais ingremes, sempre com a perspectiva de cair de grande altura presente.

Neste sonho, apanhava um elevador sem segurança nenhuma que deslizava sobre escadas que nem tinham corrimão. O cenário era alegadamente o hospital de Aveiro, onde eu e a minha mãe tínhamos acompanhado uma senhora desconhecida a uma consulta de especialidade que iria decorrer no décimo sexto andar que eu penso que aquela unidade hospitalar nem tem. Se a memoria não me falha, tinha só até ao sexto andar. Só se agora tem mais andares, coisa que eu desconheço, mas penso que não.

Metemo-nos as três naquela coisa que subia e só existe nos sonhos. Eu agarrava-me com quanta força tinha às extremidades daquilo mas já estava a bater mal. Quanto mais se subia, mais suores frios me assolavam e mais mal me sentia. E nunca mais lá chegávamos acima. Aquela espécie de elevador balançava para todo o lado. Eu tentava-me agarrar desesperadamente e já nem ia a ver as coisas direito. E se caía daquela altura?

Chegámos finalmente. A minha mãe fez-me subir aqueles andares todos só para falar com um tal de Doutor Cândido que eu não conhecia e que, envergando uma bata azul, fumava à porta de um gabinete. Eu olhava para o chão, para os meus sapatos vermelhos. De vez em quando ia dando uns passos no corredor para matar o tédio.

O despertador tocou. Poupou-me ao suplício maior que seria descer naquela geringonça mais dezasseis andares.


No comments: