Continuando com estreias, leio agora uma obra de um escritor norueguês, mais um. Desta vez leio algo de Knut Faldbakken.
Quer-se dizer, em 1982, já os noruegueses estavam muito á frente e já escreviam uma espécie de dark. Este livro tem alguns laivos desse género literário que eu julgava ser recente.
Um casal com uma vida estável, um casamento aparentemente feliz e dois filhos resolve aproveitar afazeres profissionais para se refugiar numa pequena pousada nas montanhas. É aí o equivalente a uma pessoa do litoral ir passar uns dias na Serra Da Estrela ou no Gerês.
Ao longo daquela semana o casal vai-se descobrir e não sai de lá o mesmo de quando entrou. Os alicerces do seu casamento vão ser postos á prova. Para este homem, a sua mulher é uma perfeita desconhecida. Por vezes as pessoas andam tão embrenhadas nos seus afazeres, que simplesmente vivem na mesma casa, não interagem, não comunicam. Vivem essencialmente na rua, vivem vidas separadas. Chegam a casa cansadas e vão dormir. Pouco tempo há para conversar. Não é estranho que, quando as pessoas tiram um tempo para estarem juntas, acabam por se descobrir e muitas vezes o choque acaba por ser brutal. Casais são perfeitos desconhecidos na maioria das vezes a partilhar a mesma cama.
A mulher acaba por pedir o divórcio porque quer ser mais livre, julga que o homem manda na vida dela e ultimamente, nos últimos dias, até se tem tornado violento, coisa que ele não era. Sim, parece que os noruegueses também batem nas mulheres na sua vida privada.
Por seu turno, o homem pensa que a mulher tem outro homem e por isso o vai deixar, quando ela apenas quer tirar um tempo só para ser livre. Também ele pensa que quem manda em casa é a mulher. Ele não teve opinião em nada, nem na educação dos filhos. Não percebe porque é que a sua mulher, professora de profissão, quer ser ainda mais livre.
Lá está, uma tremenda falta de comunicação entre os dois. O livro acaba com eles no meio da estrada com o carro parado sem gasolina e a discutirem de quem foi a culpa de terem ficado apeados. No meio de nenhures. E lá vai o desgraçado do homem, depois de ter aviado a mulher com um estaladão na cara procurar alguém que os ajude.
Enfim, eu pensava que os nórdicos eram mais civilizados. Afinal comportam-se como qualquer campónio da Europa do Sul. Outra coisa que este homem faz é deitar-se calçado na cama. Isso mesmo. Eu por vezes também vou para cima da cama calçada. Nem me apercebo.
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