Sunday, July 16, 2023

“o Arquipélago De Gulag” (impressões pessoais)

 

Este é um testemunho impressionante sobre o que se passou nos campos de trabalhos forçados na União soviética de Estaline.

 

Não sei qual a diferença entre estes campos e os campos de concentração nazis. Ambos serviam para uma única coisa- reduzir o Ser humano á maior das insignificâncias, tirando-lhe toda a dignidade, identidade e humanidade. Quem sobreviveu, conseguiu-o á custa do mais fraco e á custa de métodos pouco éticos mas, perante o perigo, o Ser Humano, como instinto de  sobrevivência, comporta-se como o resto dos animais.

 

Ao longo desta obra são narrados testemunhos  incríveis de  desumanidade. Como é possível outros seres humanos infligirem  tanta privação e tanta   violência aos seus semelhantes só porque não pensam como eles?

 

O mais desconcertante disto tudo  são os motivos pelos quais tanta gente foi condenada a estas penas de trabalhos forçados. Havia o Artigo 58, na alínea 10 ou 12 que dava para tudo. Resumindo, para ir para um campo de trabalhos forçados bastava mesmo muito pouco.

 

Ao longo desta obra são narrados motivos completamente fúteis, alguns deles a roçar o anedótico se não tivessem  consequências tão graves. Bastava alguém saber falar uma outra língua, riscar ou embrulhar algo com um jornal onde se falava de Estaline ou, a situação mais incrível que para mim foi aqui narrada.

 

Quando os alemães invadiram a Rússia, os habitantes foram obrigados a fugir. Então havia uma família de três pessoas composta por marido, mulher e filha que iriam partir mas só havia dois bilhetes disponíveis. Então o homem resolveu ficar para trás e deixar ir a mulher e a filha. Foi condenado ao campo porque, ao ter ficado, depreenderam que ele ficou á espera dos alemães. O que dizer disto?

 

Também se ia parar aos campos de concentração por se contarem anedotas, por fazerem comentários sobre a tecnologia alemã, por terem vivido no Estrangeiro…

 

Mas andava tudo doido? Se não andava, passou a andar, pois não se confiava em ninguém. Nunca se sabia quem podia denunciar quem. Bastava haver um conflito entre duas pessoas que a solução de enviar o antagonista para os campos era logo posta em prática e não era preciso haver muito esforço.

 

Ainda hoje se deve viver com esta paranoia da espionagem e de se verem inimigos por toda a parte. Os homens conseguem ser ainda mais cruéis uns para os outros do que muitos animais ferozes.

 

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