Wednesday, January 02, 2008

Pagos para perder

Enquanto que nas primeiras páginas dos jornais de hoje vinha denunciado mais um caso de corrupção desportiva envolvendo o Futebol Clube do Porto, o nosso bem informado (às vezes até demais) blog teve acesso a outros casos flagrantes de corrupção a que a imprensa não deu destaque.

Como a imprensa desportiva nacional só dá cobertura praticamente aos grandes clubes, há a ideia de que isto da corrupção e do “sistema” apenas existe no Futebol Profissional. Puro engano!

Como evento social que é, o Desporto sujeita-se a todo o tipo de usos e costumes que estão entranhados na sociedade em que se insere. Muitas vezes tais usos e costumes nem sempre são aqueles que agradam a Deus e aos Santos.

Isto tudo para dizer que desde a sua criação que o Desporto sempre se sujeitou à manhice e aos interesses de algumas mentes mais ou menos maliciosas e que corrupção desportiva sempre houve e sempre haverá.

Por mais profissional que seja o Desporto, ele não perde um certo “amadorismo” e uma certa fanfarronice bairrista que lhe serve de base. Senão vejamos:

Qualquer semelhança entre esta história e as que agora saem nos jornais é pura coincidência? Havia uma tradicional festa na terra de Tó Bóias- a festa em honra de S. Sigisberto.

Como habitualmente, havia um jogo entre casados e solteiros. Toda a gente dizia que os casados iam ganhar por terem jogadores que todos os fins-de-semana alinhavam pelo clube da terrinha que esteve às portas da III Divisão.

Como não há vencedores antecipados e no Futebol são onze para cada lado, as contas saíram furadas. Os solteiros venceram o jogo por concludentes 12-3. Ninguém estava à espera de tal desfecho.

Apostaram-se garrafões de vinho branco, queijos da Serra, potes de azeite e até leitões assados na vitória inquestionável dos casados. Esse é que foi o mal.

Como se sabe, Tó Bóias estava completamente falido em virtude do desemprego a que há mais de um ano estava sujeito. Por ironia- ou talvez não- era ele o guarda-redes dos casados.

Na terrinha havia um rico empresário conhecido no meio mais próximo por ter conseguido a sua avultada fortuna à custa de trafulhice. Curiosamente foi esse indivíduo o único a apostar na vitória dos solteiros. Tal palpite causou até a troça geral de todos quantos se reuniram numa espécie de centro cultural lá do sítio.

Estranhamente Tó Bóias chegava sempre a casa com os copos sem gastar um único cêntimo. Muitas vezes era visto no centro cultural na companhia do indivíduo que nada tinha a ver com ele. Aliás, eles nem falavam um para o outro por causa de umas galinhas de Tó Bóias que pularam a cerca que dividia dois terrenos e foram para o quintal do homenzinho. Como lhe estragaram umas plantas suspeitas que ele ali tinha, matou-as nessa mesma tarde, amanhou-as e foi entregá-las à porta de Tó Bóias.

Agora os dois homens pareciam mesmo esquecer esse episódio e andavam mais juntos que dois amantes apaixonados.

Foi numa noite em que já tinha escorrido muito álcool por aquela mesa que o indivíduo resolveu investir e propôs empregar Tó Bóias na sua empresa de fins duvidosos e reputação discutível caso ele deixasse os solteiros ganhar o desafio por muitos.

Além disso, o homem ainda oferecia 500 euros a cada jogador. Mas por que raio é que aquela criatura estava tão interessada em que os solteiros vencessem? Muito simples: é que houve um parolo que não tinha mais que fazer e apostou um pequeno terreno que tinha em como os casados davam um show de bola aos solteiros.

Mais uns hectares de terra bem fértil para as suas plantinhas esquisitas que lhe davam umas massas. Além do dinheiro e da promessa de emprego, para Tó Bóias que tinha poucas posses económicas iam também os chouriços, o azeite, os queijos e tudo mais que os parolos apostavam na vitória dos solteiros. O “artista” apenas queria o terreno.

Não sei que caldinhos mexeu a criatura. O certo é que foi nomeado pela Comissão de Festas em honra de S. Sigisberto treinador dos casados. Ora aquela gente tinha de lhe obedecer.

Tó Bóias fora em tempos um guarda-redes respeitado pelas outras agremiações contra quem a sua equipa jogava. Esteve com um pé em equipas de maior dimensão mas resolveu ficar por ninguém o aturar a viver em conjunto com desconhecidos.

Para disfarçar, o “treinador” ofereceu ao guarda-redes um cigarro que o deixou passado e uma cerveja que lhe soube diferente das inúmeras que costumava beber. O mesmo fez ele aos outros jogadores.

Foi a tropeçarem muito nas próprias pernas e sem saber por onde ir que aqueles jogadores entraram em campo e iniciaram o chorrilho de disparates que nem um nabo em Futebol fazia. Acho até que qualquer velhota lá da aldeiazinha que até tinha medo da bola fazia melhor.

Poucos minutos depois de o desafio ter começado (e já a perder por muitos) a equipa estava por terra a ver o adversário jogar. Sentado no chão e encostado ao poste da baliza, Tó Bóias ficava siderado a ver as bolas entrar sem reagir a nada.

E assim foi. Os solteiros venceram de forma inesperada os casados e Tó Bóias levou uns trocos para casa e, para além de uma cabazada, levou para casa um cabazão de produtos que o pessoal apostou.

Já a promessa de emprego não pôde ser cumprida. A Polícia Judiciária capturou o indivíduo no âmbito de um mega processo de fraude e branqueamento de capitais. Encontra-se a aguardar julgamento em prisão preventiva, tal como a maioria dos reclusos em Portugal.

Por falar m jogos de pequenos contra grandes: foi um fim-de-semana de mais uma eliminatória da Taça de Portugal. Toda a jornada desportiva teve de ser antecipada por causa daquela palhaçada que se sabe: o referendo ao aborto.

O Sporting calhou com o modesto Pinhalnovense e goleou por 6-0. Parece que Carlos Bueno agora não quer mas nada senão marcar golos. Marcou mais dois. Apesar disso, Joaquim Ritta não poupou o uruguaio. È mesmo mau feitio.

A grande surpresa veio da Figueira da Foz onde a Naval foi eliminada pelo Bragança (aquela famosa agremiação desportiva que chegou a ser em tempos patrocinada por uma casa de alterne).

O Benfica também foi eliminado da Taça pelo Varzim. De nada valeu o golo de Simão. Fica para o ano!

E assim decorreu um dia marcado pelo Futebol desde muito cedo. Logo de manhã os jornais davam conta de investigações por parte do Ministério Público de um alegado suborno a jogadores da União de Leiria no jogo da Supertaça.

Futebol à parte, sonhei com o atropelamento do Mong. Isto já se começa a repetir. Desta vez era de noite e já toda a gente estava bem aconchegada dentro de casa. A minha mãe veio à rua fazer não sei o quê e apercebeu-se de que havia uma sombra negra na estrada. Como não distinguia o que era, pediu ao meu pai para ir ver se era algum gato morto que ali estava.

Ele confirmou tratar-se do Mong. Eu chorava convulsivamente com pena do gato. Ainda bem que acordei!

Na realidade, Mong encontra-se com algumas mazelas resultantes de lutas intensas com o Léo e os outros gatos que encontra.

Consta que ainda arrumei uma pouca de roupa neste sábado.

Bacorada do dia:
“A permitir que se recomposicesse a defesa do Nacional” (Como?!!! Ora diga lá outra vez que eu sou de compreensão lenta.)

1 comment:

Anonymous said...

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