Monday, January 07, 2008

Adelaide, Manuel e a decisão de ter um filho

Quem acompanha como eu a novela do Canal 1 “Paixões Proibidas” assiste por estes dias ao drama de Adelaide.

Adelaide é uma jovem açoriana a viver em Coimbra com o seu marido Estêvão que via no seu colega brasileiro Manuel o seu melhor amigo. Acontece que Adelaide e Manuel se apaixonaram e mantêm um romance clandestino. Enquanto Estêvão se aplica nos estudos, os dois amantes perdem-se de amores nos braços um do outro.

Agora Adelaide descobriu que está grávida sem sequer saber qual dos homens é o pai da criança. Estêvão mostra-se contente com a vinda do novo rebento, mas Manuel- embora demonstre estar contente na frente da amada- planeia fazer algo para impedir que a criança nasça.

Para isso contratou um homem para provocar um aborto, empurrando Adelaide de uma escadaria.

Apesar de se tratar de ficção, o drama de Adelaide não deixa de ser actual e de chamar a atenção para a problemática do aborto ou da gravidez não desejada.

No dia do referendo à Interrupção Voluntária da Gravidez não deixo de lembrar este caso para demonstrar que nem toda a mulher condenada no banco dos réus em Portugal desejou abortar por livre e espontânea vontade. Tal como Adelaide, muitas mulheres são obrigadas a fazê-lo por amantes ou mesmo maridos que não desejam que uma criança venha a caminho

Não sou a favor do aborto, apenas sou contra a condenação em praça pública das mulheres que a ele recorreram sabe-se lá em que circunstâncias.

Despenalizar o aborto nem sequer deveria ser referendado porque a mulher é a única culpada no nosso País caso se comprove que abortou e muitas vezes foi ela a última a querer fazê-lo. Para os presumíveis pais das crianças que ameaçam, maltratam e oprimem não há castigo.

Infelizmente ainda continua a haver por aí muitas Adelaides às mãos de Manéis implacáveis que só lhes desgraçam a vida e as impedem de realizar o seu sonho de ser mãe.

Votei não ao aborto, mas apenas e só porque não admito que a sua prática seja massiva. Se fosse apenas e só para acabar com a pouca vergonha de ver criaturas inocentes serem julgadas na praça pública, a minha intenção de voto seria outra.

O Governo agiu mal ao formular a pergunta a ser referendada.

E chegou finalmente (já não era sem tempo para ver se há sossego) o dia do tão polémico referendo ao aborto.

A chuva prometia estragar a afluência às urnas. Já lá vamos!

Antes há a assinalar uma sempre bem-vinda actualização a este blog. Por mais que eu actualize o meu blog, ele está sempre desactualizado. Já não tem remédio e tende cada vez mais a piorar.

O gato Mong fez as pazes comigo mas declarou guerra aberta ao Léo. Chovia imenso e Mong não teve alternativa senão vir abrigar-se em casa.

E foi debaixo de um dilúvio de proporções bíblicas que fomos cumprir o nosso dever cívico. Fomos com o nosso vizinho que ainda tinha de ir levar a minha irmã à estação dos comboios.

Quando saí do local das votações encontrei algumas pessoas que não via há tempo. È habitual haver assim uns encontros nessas ocasiões em que o País vai a votos.

Eu nem quis saber do referendo para nada. Refugiei-me no meu canto a “actualizar” o blog. Entretanto a chuva não parava de cair.

Vim a saber inevitavelmente que o sim havia ganho. Se a pergunta estivesse formulada de outra maneira, tenho a certeza que não se iria assistir a este resultado. O sim ganhou precisamente porque os portugueses estão fartos de ver mulheres condenadas de forma escandalosa e desumana.

Fica para a história um acto eleitoral com uma das menores afluências de sempre. Não se deve esquecer que chovia torrencialmente.

Situação do dia:
O tempo que eu perco a procurar as minhas coisas! Consta que andei um bom pedaço a procurar os óculos.

Bacorada do dia:
“Menu ficheiro, Novo, Copiar...” (Nem todos os sistemas operativos são iguais.)

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