Wednesday, October 04, 2023

A professora de Escrita Criativa

 

Ainda bem que não tenho uma professora destas na vida real…

 

Sonhei que me tinha inscrito num curso de Escrita Criativa, se bem que eu pense que tal arte dificilmente se aprende nas quatro paredes de uma sala de aula. Com esta senhora muito menos. Já me estava a passar…

 

A criatura era já de uma certa idade e o seu nome era Natália. Já tinha sido um problema chegar á sala de aula. Os elevadores eram confusos, tal como são sempre nos sonhos.

 

Depois a sala de aula, escusado será dizer, é sempre a mesma em todos os sonhos relacionados com aulas. Eu digo que é uma mistura de todas as salas de aula por onde passei. Invariavelmente um  sonho passado numa sala de aula é sempre nessa sala. Não há como enganar.

 

A  professora deu um exercício á turma que consistia num conjunto de palavras a partir das quais tínhamos de construir uma história. Tudo bem…

 

A professora tinha uma letra horrível e escreveu as palavras no quadro. Os alunos torciam o nariz. Mas custava muito á criatura ditar as palavras? Ficava nua no meio da sala se isso acontecesse? A julgar pela parte exterior, a visão daquela mulher sem roupa seria horrível.

 

Eu disse á professora que não conseguia ver para o quadro e ela então escreveu-me as palavras numa folha. Tal como acontece em qualquer sonho que implique ler alguma coisa escrita á mão, eu não entendia nada e foi isso mesmo que tentei dizer á professora. Ela ignorou-me completamente e continuou a aula. Outras pessoas estavam a ter dificuldades com o exercício por  não entenderem a letra da professora.

 

Quando eu disse que  não entendia a letra dela, ela escreveu novamente as palavras mas com uma letra ainda mais ilegível do que a anterior. Ainda por cima, tinha-se enganado, riscado e escrito por cima. Eu voltei a repetir que o melhor era a professora ditar-me as palavras, não as escrever ela. Ela continuava a me ignorar. Eu olhava desesperada para aqueles autênticos borrões de tinta azul numa folha branca.

 

A certa altura, vagando pela sala, ela olhou para mim e, com ar de troça, exclamou:

_Eunice! Então não se faz o exercício? Eu já escrevi as palavras, de que é que estás á espera?

 

Eu voltei a dizer já sem  paciência que a professora me devia ditar as palavras, não as escrever no meu caderno. Apesar de por vezes não entender a minha letra, sempre é mais legível que a letra da professora.

 

Eu continuava a olhar  para o caderno sem saber o que fazer e a professora, com ar maléfico, a olhar para mim. O próximo passo seria bater-me, não? Se isso acontecesse, ela ia ver…

 

Já fervia de nervos quando acordei.

 

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