Não deixa de ser irónico eu ler um conto com um título destes logo quando há alerta de mau tempo. É sobretudo o vento e a chuva que colocam grande parte de Portugal em alerta amarelo e laranja.
Virgínia Mota traz-nos esta história infantil em que, como não podia deixar de ser, o Bem acaba por ser premiado.
É a história do vento que uivava lá no monte triste e sozinho e que um dia resolveu trazer á força a chuva para junto de si. Mas a chuva acabou por se esconder.
Então o vento resolveu tentar outra abordagem. Juntou-se á chuva para, harmoniosamente, fazerem com que o vale se tornasse mais fértil.
Este texto é do ano em que eu nasci. A sensação que me deu ao ler isto é que, mesmo num conto simples como este, existe a tentativa de o ser masculino dominar o ser feminino pela força. Já que se está numa de questionar estes inofensivos contos que se liam á cabeceira das crianças, eu vejo aqui um certo machismo, mesmo sendo o texto escrito por uma mulher.
Nessa altura, ainda havia resquícios do que era ensinado ás crianças no Estado Novo e viam-se muitas histórias como esta. A cultura de um certo poder do homem (aqui o vento) sobre a mulher (a chuva).
Mas este conto também mostra uma coisa: apesar de o vento ter tomado a chuva á força, não conseguiu os seus intentos. A chuva fez ver ao vento que assim, usando a força, não ia a lado nenhum. Somente dividindo esforços chegaria a harmonia para todos.
Esta foi a minha interpretação de um simples conto infantil.
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