Thursday, August 26, 2010

Betinha Irritante regressa à praia

Ver texto “Um dia na praia com Betinha Irritante”

Lembram-se da Betinha Irritante? Aquela criaturinha insuportável que só de falar dela já provoca uma sensação de...vontade de agredir alguém?

Quatro anos depois da nossa última crónica que a teve como protagonista, eis que a encontramos destacada entre um grupo de crianças de uma colónia de férias de um colégio interno. Reconhecemo-la facilmente pelas suas características especiais.

Segundo nos foi possível apurar, já era difícil aos desgraçados dos pais aturar a filha que só lhes dava dissabores. Foi por esta ser quase impossível de aturar que o casal desistiu da ideia de ter mais filhos. Lembraram-se que os restantes rebentos do casal seriam iguais ou piores. Então mais valia aturar uma só, que já lhes dava que fazer.

Betinha cresceu muito...apenas e só em altura. Em termos de comportamento está cada vez pior e parece mesmo um caso perdido. Dará uma bela delinquente do pior que pode haver.

Não foram os pais que a colocaram uma instituição. Apesar de ser difícil de educar, sempre era filha deles e tinham de a aceitar tal como ela era. Na escola é que os problemas foram surgindo. No refeitório arrumou com uma tigela de sopa a ferver à cara de uma colega de turma, foi expulsa durante uma semana mas logo voltou a fazer das suas.

Na aula de Matemática, Betinha que estava nas filas de trás, ia proferindo impropérios sempre que um colega errava uma conta. Farto de ouvir tais murmúrios, o docente ordenou que a aluna se retirasse. Fazendo o máximo de ruído que se possa imaginar, Betinha lá se retirou mas antes teceu um comentário maléfico acerca da orientação sexual do professor. Imediatamente este elaborou uma nota a vermelho para posterior relatório. Num impulso, a aluna Felisberta Andrade tirou a caneta vermelha e o livro de ponto ao professor e riscou-o todo. Quando o professor lhe disse que já estava a passar das medidas, eis que ela lhe ferra um violento pontapé justamente onde ele tinha uma variz saliente.

Devido a esta sucessão de maus comportamentos na escola, o castigo de Betinha foi ir continuar os seus estudos para um colégio interno de onde já tentou fugir aí por uma dúzia de vezes. De nada valeram os apelos dos pais. Betinha deveria ficar por ali até que se comportasse. Pelos vistos esse dia está longe de chegar.

Todos os dias no colégio há problemas com ela. Aparecem torneiras das casas de banho arrancadas selvaticamente, fogo deitado a caixotes do lixo dentro dos quartos, cadeiras e mesas de salas de aula riscadas e todo um rol de vandalismo presente em todo o lado.

Betinha esteve para não ir até ao Algarve com os colegas. Seria o castigo por um ano inteiro de mau comportamento. Mas não havia ninguém para ficar a tomar conta dela e assim lá teve de ir, apesar de se saber de antemão que as férias iriam ser um pesadelo.

Quando a avistámos juntamente com as outras crianças, Betinha ficava para trás juntamente com outra menina mais pequena a quem, alegadamente terá agredido com um valente estalo. Betinha vociferava alto e bom som. Os termos que proferia nem numa tasca seriam permitidos, quanto mais numa colónia de férias. Uma das monitoras agarrou Betinha por um braço e ficou para trás com ela. Não satisfeita, Betinha ferrou-lhe os dentes no braço. A monitora não lhe podia bater no meio da rua.

Havia um casal de turistas que veio do Norte passar umas férias tranquilas ao Algarve. Teve o azar de alugar a sua barraca ao pé das barracas do colégio. O casal tinha uma filha- Mariana- que tinha apenas seis meses de idade. A malvada da Betinha por mais de uma vez arrumou com areia à pobre da bebé.

Também os pais de Mariana merendavam uma bela tarde depois de terem ido molhar os pés e Betinha também os brindou com duas mãos-cheias de areia molhada. A comida ficou imprópria para que continuassem a comer. Foram fazer queixa à monitora que chamou Betinha para lhe dar uma correcção. Esta recusou-se a vir e já corria pelo mar fora.

Aliás, todos os dias havia barulho porque Betinha só queria estar na água a chatear quem lá andava. Mesmo que tivesse acabado de comer, fazia birra para ir para a água. Mas isso é normal. Todos os miúdos desejam estar sempre na água. O que não é normal é uma miúda ir para lá encher baldes que depois transporta para a areia e vai despejar nas costas de quem está estendido nas toalhas a aproveitar o Sol. Muito ela se ria com as reacções das pessoas! Havia quem se assustasse, quem já estivesse a dormir e quase apanhasse um colapso e quem quase apanhasse um choque térmico.

Estava uma senhora vestida a dormir em cima de uma toalha. Foi logo das primeiras a levar um banho de água salgado involuntário. A mulher correu atrás da miúda com uma muleta que trazia mas estatelou-se na areia. Betinha troçou da senhora e foi a correr para o seu canto.

Betinha odiava que outras crianças comessem gelado e ela não. Muitos dos castigos para a má conduta de Betinha eram a privação do habitual gelado que todas as crianças da colónia comiam à tarde. Esse período era de autêntico caos. Betinha vociferava, choramingava, pontapeava barracas e chapéus e batia noutras crianças. Era mesmo insuportável!

Ao terceiro dia de colónia, e para bem de umas férias tranquilas, passou a haver uma monitora encarregue de levar Betinha de volta ao parque de campismo às quatro horas em ponto. Assim toda a gente suspiraria de alívio.

No dia em que encontrámos Betinha, ela resmungava com as outras crianças porque queria o balde da praia maior. Aliás, fora mesmo Betinha quem tinha dado sumiço a esse balde. O que é que ela queria mais?

Ah, criaturinha mesmo insuportável!

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