O novo Futebol Português

 

Começa oficialmente uma nova época e já dá para perceber que novos ventos sopram no Futebol cá do burgo.

 

Cresci a ver Futebol e a assistir a um clima de animosidade e pressão nestes  jogos maiores, envolvendo os crónicos três grandes. Muitas vezes ainda faltava bastante tempo para que as equipas entrassem em campo e já se vivia um clima de cortar à faca na Comunicação Social, indo buscar os mais mesquinhos pretextos como armas de arremesso e acusações de parte a parte.

 

Nos últimos anos viveu-se um clima de puro terror com a rivalidade a passar das capas dos jornais para os tribunais e para o Ministério público que viu brotarem denúncias anónimas como cogumelos venenosos, contribuindo para um clima de suspeição asfixiante.

 

Este clima contribuía para contagiar os adeptos e condicionar até os árbitros. Hoje constato que passámos á beira de um jogo entre Sporting e Porto  sem que uma farpa sequer tenha sido trocada entre dirigentes ou diretores de Comunicação. Nos últimos tempos seria impensável uma coisa dessas. O que mudou?

 

Muita coisa e bastou sair do Futebol o último e principal responsável pelo clima beligerante do Futebol português. Estou a  falar naturalmente de pinto Da Costa que ao fim de mais de quatro décadas foi derrotado nas urnas, sinal de que até os adeptos do porto ansiavam por ventos de mudança no Futebol Português.

 

Uma nova geração de dirigentes desportivos surgiu, deixando para trás as lideranças quase ditatoriais de Pinto Da Costa e de Luís filipe Vieira. Eram eles que contribuíam para o ambiente menos saudável do nosso Futebol.

 

Hoje os presidentes dos principais clubes estão lado a lado. Os adeptos nem sempre aceitam isso mas o futebol português perdeu tempo demais com desunião, rivalidade mesquinha e virares de costas. Muitas das discussões para o bem comum ficaram para trás porque se passou o tempo a lavar roupa suja e a atirar pedras aos telhados de vidro de cada um dos beligerantes.

O Futebol dentro das quatro linhas também sente essa mudança. Fica mais solto, mais fluído, mais espetacular e isso   viu-se neste confronto da Supertaça com sete golos, uma estrondosa recuperação do Porto e incerteza até ao fim no resultado.

 

O jogo decorreu sem incidentes, sem quezílias, com respeito mútuo. Jamais julguei estar a escrever isto e ainda bem que o estou a fazer. A casa azul e branca sofreu uma limpeza a fundo e nota-se até um ar mais leve, mais fresco, como dizia Cristiano Ronaldo há uns tempos sobre a Seleção nacional. Dá gosto ver.

 

Alguém falou de arbitragem antes ou depois do jogo? Não me lembro. Devo estar mesmo muito distraída. Julgo que só li notícias do que se passou dentro das quatro linhas. Só se falou dos jogadores.

 

Assim é que deve ser. A época mal começou e espero sinceramente que continue nesta toada alegre e pacífica até ao fim.