Wednesday, July 25, 2018

A fuga do leitão

Depois de ter vindo da praia, fui até casa dos meus pais onde estava agendada para aquele domingo a festa de aniversário atrasado do meu pai. Dez dias depois da data, festejou-se mais um aniversário com família e amigos.

Como não podia deixar de ser, o leitão à Bairrada assado no forno a lenha tinha de fazer parte da ementa. O meu pai comprou um leitão vivo e colocou-o num curral no nosso pátio para depois ser morto e assado.

Estava eu no meu quarto a ler quando ouvi parar alguém na rua a dizer que tinha visto passar na estrada em direção aos pinhais um leitão. Como eu só me rio do mal- isso já todos sabem por aqui- logo se aflorou um largo sorriso à minha face que rapidamente se tornou em gargalhada compulsiva. O meu pai logo arrancou para o procurar. Eu pensei logo que tinha sido o leitão que ele tinha ido buscar para a festa que tinha fugido mas tal não aconteceu. A minha mãe disse que também tinha ido ver e que o leitão estava no sítio onde tinha sido colocado.

Só que, como se costuma dizer, quem conta um conto, aumenta um ponto. A fuga do leitão do meu pai era assunto por toda a aldeia. O meu vizinho chegou à mercearia e não se falava de outra coisa, que o meu pai tinha comprado um leitão para a festa de aniversário mas que o tinha deixado fugir. O meu vizinho imediatamente arrancou para minha casa. Tinha ficado de ajudar o meu pai a tratar do leitão, agora urgia procurá-lo pelos campos fora, já que ele não tinha aparecido.

Quando o meu vizinho chegou a minha casa, o meu pai já preparava tudo o que era necessário para preparar o leitão. O meu vizinho ficou confuso e narrou tudo quanto tinha ouvido pelo lugar. A minha mãe também veio do lugar com um largo sorriso nos lábios face às histórias que inventavam. Algumas estavam repletas de imaginação. Corria uma versão em que o leitão tinha fugido por um buraco no curral. Tinha saído por detrás da casa virado aos pinhais. Noutra versão o buraco já era no pátio. Depois ainda havia a versão rebuscada da fuga do leitão...pelo portão da frente de casa dos meus pais que está a precisar de ser substituído. Saía pela frente. E ninguém dava conta? Essa era mesmo boa. De rir mesmo. Imagine-se a algazarra que a cadela não fazia! E para chegar ao portão da frente, tinha de ter saído pelo pátio.

Ao longo daquele dia, houve assunto com que o pessoal da aldeia se pode entreter. Alguns estavam convidados para a festa do meu pai e já pensavam em alternativas para o almoço do dia seguinte, caso o leitão não fosse encontrado.

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