Saturday, January 30, 2010

Ajuda para o Haiti de Coimbra em autocarros da cidade





Todos os dias as imagens de horror que nos chegam do Haiti nos assolam. Como já foi dito aqui mais para trás, logo no dia seguinte à ocorrência da catástrofe, sonhei com destruição de proporções apocalípticas provocada por um raio ou algo do género que destruiu tudo, ficando apenas uma paisagem árida e sem cor.

As descrições de caos e morte ainda continuam inexplicavelmente a povoar o meu subconsciente e desta vez ainda pensei duas vezes antes de colocar os pés em Coimbra, pois tinha de lá ir.

Ouvi na rádio que uma organização de Coimbra ia enviar ajuda para o Haiti e preparavam-se para ir algumas pessoas prestar serviços naquele terreno. Ao ouvir isso comecei a pensar no que é que essas pessoas iam para lá fazer, que se fosse eu não ia submeter-me àquele cenário com cheiro a morte e destruição, que não será nada agradável andar pelas ruas e tropeçar em cadáveres. Quando disseram que essas pessoas já tinham ido em missão aquando do tsunami de 2004, aí eu calei-me porque essa catástrofe foi muito pior e será difícil de igualar.

Adormeci naquela noite. Já era tarde e eu tinha de acordar bem cedo. Como é habitual, sempre que me tenho de levantar cedo no outro dia, vou para a cama mais tarde e é difícil pegar no sono. Deitei-me eram umas duas horas da manhã e acordei por volta das quatro e meia a pensar na minha vida.

Pois bem…era tudo tão real, que tive dúvidas se estava a sonhar. Saí da Rodoviária e percorri todo o trajecto que me levava à paragem onde normalmente costumo apanhar um autocarro. O Céu estava bastante azul mas havia algumas nuvens brancas.

Chegada á paragem, um sentimento de repulsa tomou conta de mim. Ao ver aproximar-se um autocarro lembrei-me que alguns desses autocarros haviam sido usados no Haiti para transportar cadáveres mais eficazmente. O dilema era se havia ou não de entrar e isso dava-me um sentimento de medo, repulsa, angústia, sei lá.

Não sei se apanhei o autocarro nessa manhã. O resto do sonho já se passava ao cair da tarde. O Sol estava a começar a pôr-se e as nuvens produziam um efeito semelhante a uma lâmpada de um candeeiro. Não o tapavam completamente.

Nessa altura entrei num autocarro, escolhi um dos bancos de trás (parece até que entrei pela porta de saída). O ambiente estava animado. Então eu peguei na minha bolsa laranja do mp3 e comecei a ouvir música. Nada de medo ou de angústia. Sentia-me aliviada por o autocarro estar intacto.

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