Saturday, June 08, 2024

“A Vergonha” (impressões pessoais)

 

Mais uma história, mais um episódio real na vida de  Annie Ernaux.

 

A escritora francesa, galardoada com o Prémio Nobel da Literatura em 2022, considera-se etnóloga de si mesma, uma vez que as suas obras se baseiam na sua vida e nas suas raízes.

 

Já li várias obras desta autora e fiquei a conhecer como viviam os seus pais, como foi educada ela mesmo, até conheci  os seus amores proibidos…tudo isto Annie Ernaux deu a conhecer ao leitor.

 

Há quem diga que é um livro aberto, não tem segredos. Annie Ernaux é vários livros abertos. Neste em particular, com base numa foto tirada em 1952, por ocasião da Comunhão Solene, ela narra um episódio que marcou uma enorme viragem na sua vida. A autora presenciou uma cena de violência doméstica em casa. Nesta fase de transição de menina para mulher, Annie Ernaux passou a ter um sentimento de vergonha para com os seus pais.

 

Numa fase da  adolescência mais precoce, os jovens tendem a considerar a presença dos pais na sua vida como intrusiva. Já se querem considerar adultos. No caso de Ernaux, ela tentava esconder as origens humildes dos seus pais com alguma falta de instrução, de civismo e de etiqueta.

 

Como ela frequentava um colégio privado, considerava os seus pais, como se costuma dizer em bom Português, uns campónios, uns saloios e uns serranos.

 

Com o estilo que tão bem se conhece e que lhe  valeu o mais conceituado prémio atribuído a um escritor,  Annie Ernaux não tem papas na língua. Coloca tudo nos seus livros sem filtros ou pudor.

 

É assim mesmo!

 

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