O efémero sucesso de umas botas de Futebol…fora dos relvados

 

O Sport Clube conimbricense estava em festa no final da tarde do passado sábado.

 

Iria ser um evento especial que tinha como prato forte uma passagem de modelos protagonizada por  nós, atletas do clube com deficiência visual.

 

Do ensaio do teatro fomos  diretamente ao pavilhão para nos prepararmos. Enquanto não chegava o grande momento, íamos apalpando terreno ao ambiente. Havia música, comida, bebida, rifas para todos os gostos e feitios…Mais tarde iria decorrer o sorteio da camisola da Seleção Nacional do Cristiano Ronaldo, assinada também pelos restantes jogadores portugueses.

 

Havia umas rifas que consistiam em acertar em  balões e rebenta-los para ver o que saía. Eu consegui uma camisola e umas botas de Futebol da Adidas. Eram umas botas novas pretas com as tradicionais riscas brancas e um pouco de azul. Por acaso eram dois números acima do que eu calço mas isso não foi problema.

 

Eu desfilei com as cores do clube, algo que sempre me enche de orgulho por tudo o que têm feito em prol do Desporto para  deficientes  visuais no nosso país.

 

Depois de me equipar, tal como o faço para um treino normal de futebol, perguntei o que havia para calçar. Disseram-me que podia calçar as sapatilhas que trazia mas elas estão fartas de andar na rua. foi então que tive a ideia de aproveitar umas botas novas, ainda dentro da caixa e com etiquetas que estavam a rir-se para mim bem ao meu lado no banco.

 

E foi assim que desfilei sorridente, equipada a rigor e sem botas vindas da rua a destoar. As botas de Futebol brilhavam de novas, lustrosas e cintilantes. Deslizaram pela passadeira vermelha da fama efémera e do sucesso que se prevê próspero. Para as botas não sei mas para mim é o que eu tenho a desejar.

 

A noite  prosseguiu com karaoke. Lá fui eu cantar o “Azar na praia” que é a música que habitualmente canto nesse tipo de evento. Gosto de exagerar nos gritos. Haja alegria!

 

Uma grande noite, um grande evento organizado por uma enorme instituição. Saímos de coraçãocheio de fazermos parte deste projeto.

 

Para contar fica a história de umas botas de futebol que ganhei e, poucos minutos depois, num rasgo de inspiração e desenrascanço, calcei para o desfile.