Sunday, June 28, 2020


Quem morreu está morto

Começo esta minha reflexão com uma pergunta: há quantos dias já morreu Pedro Lima»?

Há mais de uma semana, seguramente. Se a memória não me falha, esteve uns dias desaparecido e o seu corpo foi encontrado na praia no sábado passado.

Pois bem, mais de uma semana depois, a comunicação social que temos ainda continua a debitar informação de todo o tipo sobre o malogrado ator que nem na morte merece ter descanso.

Para a comunicação social portuguesa mais sensacionalista, a morte há muito que deixou de ser o descanso Eterno para ser a Devassa Eterna. Nem deixam o corpo do falecido esfriar na tumba. Todos os dias têm algo a dizer sobre alguém que deixou de andar aqui no nosso mundo terreno. Haja paciência!

Apesar de não ser seguidora de novelas e não conhecer minimamente Pedro Lima, compreendo que a maioria das pessoas em Portugal segue a ficção nacional e idolatrava-o, daí o interesse pela informação que a ele diga respeito. O mal foi quando a comunicação social deixou de informar para devassar, especular e conjeturar.

O que é que hoje, vinte e oito de junho de dois mil e vinte, uma semana depois da confirmação da morte, há para dizer sobre Pedro Lima?

Um pouco mais de respeito pela memória dos que já partiram e não se podem defender de notícias que saem cá para fora não ficaria mal. Morreu? A morte foi trágica e inesperada? Tudo bem. Os fãs têm o direito de saber o que aconteceu, como aconteceu e porque aconteceu. Dada a delicadeza do assunto, penso que tal devia ser tratado com o máximo de respeito, dignidade e sensibilidade. Faço ideia como estarão os familiares a serem todos os dias bombardeados por notícias e mais notícias, algumas delas não passam de especulação.

Os mortos não se podem defender mas acho que está na hora de os familiares fazerem alguma coisa para que a memória de quem já não se encontra entre nós seja dignificada, não enxovalhada na praça pública.

Acho que está na hora de deixarem Pedro Lima descansar em Paz!

“I Remember Elvis Presley”- Danny Mirror (Música Com Memórias)




Mais uma vez, as recordações musicais levam-me aos primeiros tempos de ouvinte de rádio.

Vinha eu da escola e ouvia rádio invariavelmente. Por volta das sete da tarde havia um programa dedicado aos aniversariantes, também com outras rubricas. Uma delas era a música da semana. Esta iniciativa era comum a muitas outras rádios mas o que está aqui em causa é a deste programa.

Um dos discos da semana, talvez o primeiro de que tenha tido conhecimento foi este tema de tributo a Elvis Presley.

Na altura, com a minha tenra idade, nem sabia quem tinha sido Elvis Presley. Nem o conseguia ligar ao mundo da música.

Só há poucos dias é que voltei a ter contacto com esta música graças ao Spotify. Mais de trinta anos depois, os meus ouvidos de pessoa adulta voltam a ouvir este tema. Já sei quem foi Elvis Presley e, eu própria aprendi a apreciar a sua obra.

Friday, June 26, 2020

“1793” (impressões pessoais)



Hoje vou falar de um livro que é uma mistura entre vários géneros literários. Este livro, escrito por um jovem autor sueco em estrei é ao mesmo tempo um romance de época, um policial, um livro de terror e um thriller.

A Europa vive os resquícios da revolução Francesa. Também na Suécia esses ventos se fazem sentir. A Conspiração espreita a cada esquina.

A forma como esta história é contada também é no mínimo original. Na primeira parte um guarda amputado retira de um lago de águas turvas o corpo também mutilado de um jovem que não conseguem identificar.

Na segunda parte do livro, o narrador é outra personagem que aparece. Trata-se do jovem a quem mandaram mutilar o corpo que apareceu no lago. Ele faz a narrativa através de cartas que escreve a uma irmã já morta. São essas cartas que chegam aos personagens principais da obra, os que investigam o crime.

Há ainda uma outra parte que narra a história de uma jovem que foi acusada de prostituição injustamente e foi mandada para trabalhos forçados de onde conseguiu fugir. Confesso que demorei um pouco a perceber como esta personagem encaixa no rumo da história. Ela acaba por encontrar o outro jovem que escreveu as cartas e mutilou o corpo que apareceu no lago.

Este livro é também o retrato de uma sociedade violenta, onde tudo era permitido fazer para infligir o mal a outros seres humanos. Não havia escrúpulos nem princípios. Por acaso o jovem que foi obrigado a mutilar o cadáver que apareceu no lago demonstrou ser alguém com princípios e alguma integridade. Forçado por um verdadeiro monstro a praticar um ato hediondo, ele mostrou ter alguma humanidade e respeito pela sua vítima, falando com ele e mostrando o quanto lamentava estar a trata-lo assim.

Gostei bastante desta obra. A leitura faz-se muito facilmente. Espero ver mais obras deste autor, já que este é o seu romance de estreia.,